Especialistas e parlamentares destacaram a importância de reforçar a atenção básica e garantir o cumprimento dos prazos para tratamento do câncer de pele no Sistema Único de Saúde (SUS) em um seminário realizado pelas comissões de Legislação Participativa e de Saúde da Câmara dos Deputados, dentro da campanha ‘Dezembro Laranja’.
Embora o câncer de pele possa ser curado facilmente se detectado cedo, ainda provoca muitas mortes e mutilações no Brasil devido ao atraso no diagnóstico.
Carlos Barcaui, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ressaltou que o câncer de pele é o tipo mais comum no país, representando cerca de 33% dos casos de câncer, com cerca de 230 mil novos diagnósticos anuais. Ele apresentou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indicam um aumento de 80% nas mortes por melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, até 2040, caso não haja mudanças nas políticas públicas.
Carlos Barcaui alertou que a saúde da pele é essencial para a saúde integral e que o cenário para a próxima década pode ser crítico se nada for feito.
Desafios no Sistema Público
A SBD apontou a falta de dados oficiais, já que quase 70% dos casos de câncer de pele no sistema público não têm informações sobre o cumprimento dos prazos legais para tratamento.
Francisca Regina Carneiro, secretária-geral da SBD, explicou que a burocracia dificulta o cuidado do paciente, pois a biópsia, o laudo e a cirurgia podem ocorrer em locais diferentes, o que faz com que o paciente perca a melhor fase para cura.
Francisca Regina Carneiro também destacou as diferenças entre o sistema privado e público:
- Diagnóstico precoce no sistema privado geralmente é resolvido com uma cirurgia simples e rápida.
- Diagnóstico tardio no sistema público exige cirurgias complexas, internações intensas, mutilações e tratamentos caros com frequência sem sucesso.
Consequências e Prevenção
Oliveira lamentou que casos graves levam a amputações, resultados que poderiam ser evitados com detecção precoce, ressaltando que a mortalidade é maior entre as populações mais pobres devido ao acesso limitado. Ele também apontou que exposição ao sol sem proteção e o uso de câmaras de bronzeamento ilegal são os principais fatores de risco para o câncer de pele.
Weliton Prado, deputado e presidente da Comissão Especial de Combate ao Câncer, salientou o benefício econômico da prevenção: a cada 5 reais investidos em prevenção, economiza-se 94 reais em tratamentos complexos, reforçando que o diagnóstico precoce salva vidas e recursos públicos.
Silvia Cristina, deputada, relatou medidas adotadas em Rondônia, onde unidades móveis realizam biópsias em áreas remotas, e destacou a importância de desmistificar a ideia de que pessoas de pele negra não precisam de proteção solar.
Recomendações para o Futuro
- Incluir oficialmente a campanha Dezembro Laranja no calendário nacional.
- Implantar programas de proteção solar em escolas e para trabalhadores expostos ao sol, como garis e agentes de saúde.
- Ampliar o uso da teledermatologia para agilizar triagens em regiões interiores.
- Assegurar acesso a tratamentos modernos para melanoma metastático no SUS.
Fred Costa, deputado e presidente da Comissão de Legislação Participativa, reforçou o compromisso da Câmara dos Deputados em priorizar projetos que garantam o fornecimento obrigatório de protetores solares aos trabalhadores que atuam em ambientes externos.

