Beatriz Veloso: empresas usam o tema como estratégia de marketing
Especialistas em audiência pública na Câmara alertaram para a prática chamada ‘humane washing’ (lavagem humanitária). Empresas utilizam essa tática para passar a impressão de que seus produtos de origem animal são feitos de forma ética e sustentável, mas isso pode não ser verdade.
O compromisso da indústria alimentícia com sustentabilidade e bem-estar animal foi discutido pelas comissões de Legislação Participativa e Defesa do Consumidor.
O deputado Marcelo Queiroz (PSDB-RJ), que solicitou a reunião, criticou o uso de expressões como “empresa amiga do meio ambiente”, “amiga das águas”, “ovos livres de gaiola” e “animais felizes”, que podem enganar o consumidor.
Beatriz Veloso, advogada e assessora de Relações Corporativas da ONG Alianima, destacou que são usados rótulos falsos ou informações imprecisas e até falsas. Segundo ela, muitas empresas ainda tratam o tema apenas como marketing para proteger sua imagem. Essa prática também prejudica produtores que realmente investem em melhorias para os animais.
Ela aponta que as empresas precisam assumir responsabilidade pelas informações e compromissos assumidos, com governança que inclua controle, fiscalização e comunicação transparente.
Nilto Tatto, deputado que presidiu a reunião, comemorou o aumento da consciência pública sobre a importância da proteção ao meio ambiente e ao bem-estar dos animais.
A necessidade de critérios claros, públicos e transparentes nas informações dos rótulos foi destacada por José Rodolfo Ciocca, diretor executivo da Certificadora Produtor do Bem. Ele frisou que a certificação tem papel fundamental ao reconhecer e comunicar as melhores práticas adotadas na produção, garantindo confiança e valorização através de auditorias presenciais.
Além disso, a legislação sobre boas práticas agrícolas está sendo revisada para incluir critérios desde o cuidado ambiental até o bem-estar animal, assegurando que as práticas sejam efetivamente aplicadas.