Durante o 2º Fórum BRICS de Valores Tradicionais, especialistas em moedas digitais discutiram nesta terça-feira (16) o futuro do comércio entre os países do bloco. Eles apontaram que a criação de sistemas de pagamento integrados utilizando stablecoins, que são criptomoedas atreladas a moedas tradicionais como o dólar, será essencial. A discussão incluiu a possibilidade de um sistema de pagamento do BRICS que funcione como alternativa ao SWIFT, que é a rede atualmente usada no comércio internacional.
Paulo Figueiredo, especialista financeiro, ressaltou que o Brasil e a China podem realizar transações comerciais usando suas moedas locais para evitar o dólar, embora isso não elimine o dólar como referência global. Para ele, tentar substituir o dólar no comércio mundial é uma meta difícil de alcançar.
Ele explicou que, em janeiro, os Estados Unidos manifestaram apoio às stablecoins baseadas no dólar, e não diretamente às moedas digitais emitidas por bancos centrais. Figueiredo considera que usar stablecoins lastreadas em dólar é uma solução mais viável do que criar moedas digitais próprias para os bancos centrais dos países do BRICS. Ele também destacou o direito de cada país de adotar moedas digitais e desenvolver sistemas de pagamento integrados.
Figueiredo mencionou que não faz sentido o Brasil exportar soja para a China utilizando o dólar, quando isso poderia ser feito diretamente com moedas digitais atreladas ao dólar. Ele acredita que a adoção de uma nova moeda global que substitua o dólar está distante.
Na mesma linha, o especialista em criptomoedas Theodor Bogorodsky salientou os benefícios do sistema blockchain, que certifica transações com moedas digitais. Ele comentou sobre projetos de digitalização econômica de países como China e Rússia e criticou a ideia de criar uma moeda única para todos os membros do grupos dos BRICS, defendendo que a melhor alternativa é permitir operações cruzadas usando as stablecoins já existentes.
Pinato, deputado, destacou a importância da autonomia dos países mais pobres e em desenvolvimento, enfatizando a necessidade de igualdade de direitos e capacidade para se desenvolver e fazer negócios sem imposições externas.
O 2º Fórum do BRICS de Valores Tradicionais, com o tema “Unindo tradições, fortalecendo nações”, é organizado pela Frente Parlamentar do BRICS no Congresso Nacional e pela Aliança de Mulheres do BRICS, com o apoio da Associação Mundial de Valores Tradicionais.
O BRICS é um fórum de cooperação e articulação política-diplomática entre países do Sul Global, atualmente com 11 membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
O evento, que termina na quinta-feira (17), abordou temas como a redução da dependência do dólar, facilitação do turismo sem necessidade de visto entre os países do bloco, preservação cultural, inovação, saúde e preservação do meio ambiente.