Os Estados Unidos ofereceram uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusado de envolvimento com tráfico de drogas. Em resposta, realizaram uma operação antidrogas enviando forças navais e aéreas para a região.
Víctor Mijares, professor de estudos globais da Universidade dos Andes, na Colômbia, avalia que o contingente enviado, com aproximadamente 4 mil marinheiros e fuzileiros navais, é limitado em termos operacionais.
Ele ressalta que, embora pareça uma movimentação significativa, ela não é grandiosa do ponto de vista prático. Segundo Mijares, essa ação reflete estratégias vistas no último ano da administração do ex-presidente Trump.
Setores pragmáticos, ligados a petróleo e mineração, estabelecem diálogos com Nicolás Maduro e outros líderes para manter acordos comerciais. Além disso, interesses políticos do secretário de Estado, Marco Rubio, com base eleitoral na Flórida, influenciam a movimentação.
Mijares aponta que grupos latinos de cubanos, colombianos e venezuelanos apoiam pressões militares contra os governos da Venezuela, Nicarágua e Cuba, em menor escala contra a Colômbia por considerarem o presidente Gustavo Petro uma ameaça.
Três navios de guerra foram posicionados próximos à costa venezuelana. Em comunicado, membros da Alba afirmaram que o envio militar dos Estados Unidos às águas do Caribe sob o pretexto de combate ao narcotráfico é uma ameaça à paz regional. A organização, fundada pelos ex-presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Fidel Castro (Cuba), demonstrou apoio a Maduro e pediu ao presidente colombiano, Gustavo Petro, que convoque uma reunião extraordinária dos chanceleres da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Mijares descarta qualquer intenção de invasão dos Estados Unidos à América Latina, classificando a operação como principalmente naval. Embora existam unidades para operações terrestres, até o momento a atuação é marítima.
O especialista observa que o poder de fogo dos navios chama atenção, mas o objetivo principal é enviar uma mensagem política da manutenção e retomada da influência americana no Caribe. Em nenhum momento foi anunciada intervenção direta, nem na Venezuela.
A Alba foi criada em 2004 como resposta ao fracassado projeto de Área de Livre Comércio das Américas (ZLEA). Sua influência diminuiu após a morte de Chávez em 2013. Durante reunião recente, Maduro convocou os povos globais a apoiarem a Venezuela, afirmando que qualquer ataque ao país seria um ataque a toda a América Latina e Caribe.
O presidente venezuelano destacou que o uso da força e a coerção violam as regras das Nações Unidas, que também proíbem e condenam tentativas de mudança de regime entre países. Maduro anunciou que um navio da Alba partirá em breve para a região com o propósito de promover um projeto de intercâmbio comercial entre os países do bloco.