Victoria Azevedo
Brasília, DF (FolhaPress)
A nomeação de Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto antifacção, principal iniciativa do governo Lula (PT) para melhorar a segurança pública, gerou mais desconfiança entre o governo e Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados.
Hugo Motta tentou se aproximar do governo Lula participando de eventos, ajudando a aprovar projetos importantes e negociando com partidos do centrão para fortalecer sua posição política e apoiar a candidatura de seu pai ao Senado.
No entanto, políticos e membros do governo observam que ele tem se comportado de forma ambígua e, em momentos decisivos, esteve mais alinhado com a oposição do que com o governo.
A escolha de Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pode ser um adversário de Lula em 2026, foi vista como um erro e prejudicou a relação entre Hugo Motta e o governo federal.
Um aliado de Lula disse que essa decisão causou um impacto negativo e pode abalar a confiança no deputado, apesar dos esforços recentes de Motta para colaborar com o governo, como apoiar medidas fiscais e conter projetos controversos.
Hugo Motta também tem trabalhado para fortalecer a base de apoio de Lula no Congresso por meio da distribuição de cargos e recursos, mas enfrenta críticas de aliados e oposição sobre sua eficácia e lealdade.
A possibilidade de reeleição de Motta para a presidência da Câmara em 2027 está incerta devido à insatisfação com seu trabalho e à aproximação com o governo, que alguns consideram lenta no pagamento de emendas parlamentares.
Apesar disso, ele defende que sua gestão tem sido positiva e que é preciso equilibrar apoiadores para conduzir os trabalhos legislativos.
Na Paraíba, estado de Hugo Motta, o apoio de Lula ao pai dele para o Senado enfrenta desafios, pois um aliado de Lula já busca reeleição e o governador atual também conta com apoio do presidente.
Aliados de Lula questionam a posição de Motta e apontam que ele ainda não puniu movimentos contrários ao governo na Câmara, como o motim de bolsonaristas, e que ele tem uma influência muito ligada ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), opositor de Lula.
Motta também foi responsável por derrotas importantes do governo no plenário, como a revogação de aumento do IOF e a perda da validade de uma medida provisória que aumentava impostos.
Para melhorar sua imagem, Hugo Motta tem dado atenção a projetos populares, incluindo a gratuidade para bagagem em voos e propostas nas áreas de segurança pública e educação.
