Erika Hilton, deputada federal pelo PSOL-SP, pediu desculpas após aconselhar o rapper Oruam a começar uma militância política. Em vídeo divulgado nas redes sociais no domingo, 15, a parlamentar admitiu que errou no tom durante a conversa, mas destacou que queria apenas abrir um canal de diálogo com os seguidores do artista.
Oruam compartilhou o vídeo e comentou que as críticas tiveram o objetivo de prejudicar sua imagem. ‘Querem destruir nossa reputação’, afirmou o rapper.
No dia 7 de junho, Oruam participou de uma manifestação contra a morte de Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, que foi baleado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante uma festa junina na comunidade de Santo Amaro, no bairro do Catete, Rio de Janeiro. A ação também deixou cinco pessoas feridas.
A Polícia Militar do Rio disse que a ação foi necessária e que os disparos foram em resposta a criminosos, mas o secretário da corporação, Marcelo de Menezes, admitiu que alguns procedimentos não foram seguidos.
O rapper postou sobre o protesto nas redes sociais, onde um seguidor sugeriu que ele se aprofundasse em temas políticos. Oruam respondeu perguntando como poderia começar na militância política.
Personalidades de esquerda, incluindo o ativista Paulo Galo, o historiador Jones Manoel e a deputada federal Erika Hilton, responderam ao rapper, indicando formas de engajamento em grupos políticos. ‘Se quiser colaborar, estarei disponível’, disse Erika.
Mais tarde, Erika Hilton reconheceu que não considerou as complexidades em torno de Oruam. O rapper é alvo de críticas por interpretar músicas que exaltam o crime, como ‘Faixa de Gaza’, uma canção do MC Orelha que enaltece o Comando Vermelho.
Oruam negou ser apologista do crime e reclamou que as acusações se tornam verdade pela repetição nas redes sociais. Ele é filho de Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho.
Em fevereiro, Oruam foi preso duas vezes numa semana: uma por realizar manobras perigosas e outra por abrigar um foragido da Justiça. Ele foi liberado após cada detenção.
Também em fevereiro, o Movimento Brasil Livre (MBL) chamou a atenção para o rapper ao batizar um projeto de lei como ‘Lei Anti-Oruam’, que visa proibir que o poder público contrate artistas que façam apologia ao crime e às drogas.
Propostas similares foram apresentadas na Câmara Municipal de São Paulo pela vereadora Amanda Vettorazzo e na Câmara dos Deputados por Kim Kataguiri, ambos do MBL, e já foram protocoladas em mais de 50 Câmaras legislativas pelo país.