Erika Hilton, deputada federal pelo PSOL-SP, que contratou dois maquiadores para seu gabinete na Câmara dos Deputados, declarou nesta sexta-feira (27) que agiu com ingenuidade em relação ao caso. Em entrevista ao UOL News, do Canal UOL, ela mencionou que a situação serviu como aprendizado para tomar mais precauções.
“Talvez tenha sim sido ingenuidade – a ingenuidade de quem não estava agindo fora da lei ou cometendo qualquer tipo de crime. Quando não fazemos nada ilegal ou que possamos nos envergonhar no futuro, agimos naturalmente”, afirmou a deputada.
“Reconheço que fui ingênua por não tomar as medidas necessárias para evitar construções enganosas de narrativas. Estamos completamente tranquilos e atuando de forma correta. Porém, é preciso cautela, pois, do lado oposto, a verdade não tem importância.”
Erika Hilton possui dois profissionais de maquiagem que também exercem funções de assessores no gabinete da Câmara. Índy Cunha Montiel da Rocha está no posto desde novembro do ano passado, recebendo salário de R$ 2.126,59, conforme o site oficial da Câmara. Ronaldo César Camargo Hass, assessor de Hilton desde maio de 2024, recebe mensalmente R$ 9.678,22.
O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) e a oposição na Câmara apresentaram denúncias ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Conselho de Ética da Câmara, alegando uso inadequado da estrutura pública para fins pessoais.
Em entrevista ao Canal UOL, a deputada explicou que conheceu esses profissionais no meio artístico da maquiagem e os contratou após reconhecer seus talentos particulares.
“Eles são pessoas LGBTQIA+, em quem tenho total confiança. De forma esporádica, realizaram maquiagens em mim, além das atividades acordadas. São artistas talentosos e também excelentes profissionais, um deles formado em arquitetura e urbanismo. Ambos contribuem significativamente para a formulação de algumas leis e políticas públicas que já implementamos”, declarou.
“Conheci-os no universo da beleza e maquiagem, são meus amigos, e os trouxe ao gabinete para colaborar em diversos projetos políticos. Não são contratados para realizar maquiagem, mas fazem parte do grupo essencial do meu mandato, com funções definidas e trabalho comprovado”, completou.
“Nada foi ocultado, feito às escondidas ou de forma errada ou ilegal, tudo com transparência.”
Erika Hilton também criticou a forma como o episódio foi divulgado e explorado pela mídia.
“Não entendo como um simples tuíte de uma pessoa qualquer pode dar origem, inclusive, a reportagens em certos setores da imprensa. Nem sequer essa pessoa, que temos provas de que flertava com um dos meus assessores – um flerte não correspondido -, teve autorização para criar essa acusação de que eu os teria contratado unicamente para me maquiar.”
Erika Hilton: ‘Brasil precisa de deputados qualificados’
No UOL News, Erika também criticou a decisão de aumentar o número de deputados federais, destacando que o Senado aprovou recentemente o projeto de lei que eleva de 513 para 531 as cadeiras na Câmara.
“Há falhas no orçamento secreto, erros nas contratações e inúmeros problemas na política que denunciamos e combatemos diariamente, inclusive essa questão do aumento das vagas para deputados. O Brasil necessita de parlamentares capacitados, e não de mais membros”, afirmou.
Erika Hilton foi eleita deputada federal em 2022 pelo PSOL, representando São Paulo. Antes disso, em 2020, fez história ao tornar-se a primeira mulher transgênero a ocupar uma vaga na Câmara Municipal da capital paulista.