Durante o declínio da popularidade do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o escândalo sexual envolvendo o bilionário Jeffrey Epstein voltou a pressionar a Casa Branca nesta semana. Uma série de e-mails divulgados pelo Congresso norte-americano na última quarta-feira (12/11) revela mensagens nas quais Epstein declara ser o único capaz de derrubar Trump e insinua que o republicano tinha conhecimento de suas ações criminosas.
“Sim, obrigado. Isso é muito estranho. Eu sou o único capaz de derrubá-lo (Trump)”, escreveu Epstein a um contato.
Os documentos, com cerca de 20 mil páginas, foram publicados por congressistas democratas do Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes e incluem comunicações entre Epstein e vários contatos.
Em um dos e-mails, datado de dezembro de 2018, o bilionário responde a um interlocutor que mencionava as tentativas de adversários para enfraquecer a administração de Trump.
Naquela época, as investigações judiciais contra ele aumentavam. Epstein seria preso meses depois, em julho de 2019, acusado de liderar uma rede de exploração sexual de menores. Ele foi encontrado morto em sua cela em agosto do mesmo ano, com as autoridades classificando o evento como suicídio.
Em outra parte da correspondência, Jeffrey afirma que o republicano estava próximo da insanidade. “Trump — quase insano”, escreveu.
As mensagens ainda fazem referências diretas a Trump. Em uma conversa com o autor Michael Wolff, em 2019, Epstein diz que o então presidente “estava ciente das garotas”. Em outro e-mail, de 2011, enviado à socialite britânica Ghislaine Maxwell — posteriormente condenada por ajudar o bilionário — Epstein alega que Trump “passou horas” em sua casa com uma das vítimas.
“Sei o quão sujo Donald é”, escreveu o bilionário.
A Casa Branca respondeu às novas revelações dizendo que “o presidente não cometeu nenhum erro” e acusou os democratas de “ressuscitar mentiras antigas por conveniência política”.
Amizade entre Donald Trump e Jeffrey Epstein
Trump e Epstein foram amigos por cerca de vinte anos, desde os anos 1990 até meados dos anos 2000, mas romperam a relação no meio dos anos 2000.
O republicano diz que se afastou do bilionário assim que as primeiras denúncias surgiram e nunca foi formalmente investigado no caso.
Epstein, empresário norte-americano com fortes ligações entre políticos e celebridades, foi acusado de abusar sexualmente de mais de 250 meninas menores de idade nas décadas de 1990 e 2000.
As investigações indicam que ele organizava uma rede internacional de tráfico e exploração sexual.
Pressão pela divulgação dos documentos
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump prometeu revelar documentos secretos sobre o caso se voltasse à Casa Branca. Contudo, já no cargo, classificou uma suposta “lista de clientes de Epstein” como “farsa” e “bobagem”, responsabilizando a “esquerda radical” pela difusão de boatos.
A oposição e até parte dos republicanos vêm pressionando o governo a liberar completamente os documentos das investigações. Recentemente, a Câmara dos Deputados alcançou assinaturas suficientes para votar uma moção que exige a liberação total desses arquivos.
