22.6 C
Brasília
sábado, 16/08/2025

Enxaqueca com aura aumenta risco de AVC em jovens

Brasília
céu limpo
22.6 ° C
25.4 °
22.5 °
43 %
6.2kmh
0 %
sáb
28 °
dom
28 °
seg
30 °
ter
29 °
qua
30 °

Em Brasília

A enxaqueca apresenta diferentes tipos, sendo um deles a enxaqueca com aura, que antes ou durante as crises pode causar sintomas como visão de luzes piscantes, dormência, alterações na fala ou coordenação motora, conhecidos como “aura”.

Recentemente, um estudo publicado na revista Stroke, da Associação Americana do Coração, indicou que esse tipo de enxaqueca pode ser um fator de risco isolado para o acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico de causa desconhecida em adultos com menos de 50 anos. O risco é ainda maior em mulheres, especialmente quando associada ao forame oval patente (FOP), uma abertura anormal no coração que pode permitir a passagem de coágulos ou bolhas de ar para a circulação cerebral, aumentando a chance de AVC.

O estudo analisou 1.046 europeus entre 18 e 49 anos, divididos em pessoas que sofreram AVC isquêmico criptogênico e controles saudáveis. Os fatores de risco foram categorizados em tradicionais, como hipertensão, diabetes e tabagismo, e não tradicionais, incluindo a enxaqueca com aura.

Os resultados mostraram que a enxaqueca com aura é um fator de risco significativo e independente. Entre os portadores de FOP, essa enxaqueca foi responsável por 46% do risco de AVC, e 23% entre aqueles sem o defeito cardíaco.

Além disso, outras causas incomuns de AVC em jovens foram destacadas, como dissecção arterial, trombofilias, vasculites e doenças genéticas. Entre os pacientes com FOP, os fatores tradicionais aumentaram o risco em 18%, enquanto os não tradicionais dobraram essa probabilidade, evidenciando a importância da enxaqueca com aura como marcador clínico de risco vascular, especialmente em adultos jovens com FOP.

Polyana Piza, neurologista e gerente do Programa de Neurologia do Einstein Hospital Israelita, afirma que há pouco reconhecimento deste vínculo na prática clínica e destaca a necessidade de melhor estratificação do risco e avaliação cardiovascular nesses casos.

O estudo sugere que a enxaqueca com aura pode estar relacionada a alterações na coagulação sanguínea, disfunções vasculares cerebrais e processos inflamatórios que favorecem o AVC. No caso dos portadores de FOP, o risco é potencializado pela possibilidade de que coágulos atinjam diretamente o cérebro.

Mulheres são a maioria dos casos de enxaqueca com aura, o que reforça a preocupação com o subdiagnóstico e a importância de uma avaliação cardiológica em pacientes com sintomas neurológicos atípicos ou prolongados.

Apesar deste artigo não abordar tratamentos preventivos diretamente, evidências anteriores indicam que tratamentos médicos e medidas preventivas podem ajudar a reduzir crises em pacientes com enxaqueca com aura e FOP de alto risco. A orientação médica é fundamental para o manejo adequado.

Veja Também