Mesmo para aqueles que não são fãs dos felinos, os gatos são animais que despertam fascínio. Seja pela sua beleza, pela origem histórica ou pelo mistério de seu comportamento que alterna entre a independência inata e o vínculo carinhoso desenvolvido com a convivência humana.
Não é surpreendente que a população de gatos esteja crescendo e conquistando mais espaço nos lares brasileiros. Conforme o Censo Pet IPB (2022), o número de gatos domésticos no Brasil aumentou de 25,6 milhões em 2020 para 34 milhões em 2022, com um crescimento anual médio projetado de 2,5%.
Uma dúvida comum entre os amantes desses animais é se os gatos se apegam mais ao ambiente onde vivem ou às pessoas que os rodeiam.
De acordo com a Larissa de Angeli, médica veterinária, os gatos tendem a valorizar o ambiente em que vivem tanto quanto interagem com seus donos, essa preferência depende de diversos aspectos que influenciam seu comportamento e bem-estar.
“Embora domesticados, eles mantêm muitos hábitos de seus ancestrais selvagens, necessitando explorar e interagir com o ambiente para se sentirem bem. A ausência de estímulos adequados pode gerar problemas comportamentais, pois esses animais precisam manifestar suas atividades naturais, como caça, exploração e brincadeiras”, explica a veterinária.
Estudos, como o realizado pelo Instituto de Biociências da Universidade do Rio Grande do Sul, revelam que a qualidade das interações sociais entre gatos e seus tutores tem impacto direto em sua saúde emocional. A falta de entendimento dos donos sobre as necessidades ambientais dos bichanos pode resultar em estresse e ansiedade, influenciando negativamente a relação entre o gato e as pessoas.
Incluso na pesquisa, são destacados cinco pontos-chave para um ambiente saudável para os gatos: oferecer um local seguro, disponibilizar recursos variados e separados, proporcionar oportunidades de brincadeiras, promover interações sociais positivas e respeitar seus sentidos aguçados. A ausência desses elementos pode fazer com que os gatos prefiram explorar mais o ambiente do que se relacionar com seus donos.
Larissa também ressalta que “sendo caçadores por natureza, os gatos precisam de chances para praticar comportamentos de caça, por meio de brinquedos interativos, arranhadores e atividades que os mantenham ativos física e mentalmente”.
O estudo aponta que, apesar da fama de independentes, os gatos formam vínculos com suas famílias humanas, buscando conforto e segurança nelas, e que seu afeto é demonstrado por comportamentos como ronronar, esfregar-se no dono e acompanhá-lo pela casa. Essas atitudes indicam que o animal considera seu tutor uma fonte de proteção e apoio emocional.”