Lupita Nyong’o, atriz premiada com o Oscar, revelou recentemente que convive com miomas uterinos desde 2014, quando recebeu o diagnóstico de 30 miomas e passou por cirurgia para removê-los.
Em sua publicação no Instagram, Lupita compartilhou a informação de que a médica afirmou que os miomas podem voltar a crescer, sendo apenas uma questão de tempo. O objetivo da atriz ao falar sobre sua experiência foi dar visibilidade a condições ginecológicas frequentemente ignoradas ou pouco discutidas.
Lupita também destacou a importância de acabar com a normalização da dor na saúde feminina, enfatizando a necessidade de mais educação, pesquisas e tratamentos acessíveis para essa condição comum.
O que são miomas uterinos?
Os miomas uterinos são tumores benignos formados por músculo e tecido fibroso que surgem dentro ou ao redor do útero. Conforme explica a ginecologista Bárbara Freyre, que atua em Brasília, eles ocorrem mais frequentemente em mulheres em idade reprodutiva, podendo afetar até 80% das mulheres ao longo da vida, principalmente entre 30 e 50 anos.
Essas massas podem se localizar dentro da cavidade uterina, na parede do útero ou em sua superfície, o que afeta diretamente os sintomas apresentados.
Embora sejam comuns, cerca de 70% das mulheres com miomas não apresentam sintomas, o que pode atrasar o diagnóstico. Muitas vezes, eles são descobertos durante exames de rotina, como o ultrassom transvaginal. Para mulheres que não fazem acompanhamento regular, os miomas podem passar despercebidos durante anos, alerta a ginecologista e obstetra Monique Novaceck, da Clínica Mantelli, em São Paulo.
Sintomas e impacto
Nas mulheres que apresentam sintomas, estes podem afetar significativamente a qualidade de vida. Menstruações intensas ou prolongadas são comuns, assim como dores intensas, sensação de peso na região abdominal, dor durante o ato sexual, aumento do volume abdominal e até alterações urinárias ou intestinais, especialmente quando os miomas são grandes e pressionam órgãos vizinhos.
A normalização da dor e do sangramento intenso é uma questão preocupante, já que muitas mulheres acreditam que isso é normal e demoram para buscar ajuda, salienta Bárbara Freyre.
Tratamentos disponíveis
O tratamento varia conforme fatores como o tamanho dos miomas, localização, sintomas e desejo de engravidar. Miomas pequenos e sem sintomas normalmente são acompanhados, sem necessidade de intervenção imediata, conforme explica Monique Novaceck.
Para casos leves, o uso de anticoncepcionais ou dispositivos intrauterinos hormonais podem auxiliar no controle do sangramento, mas não reduzem o tamanho dos miomas.
Quando os sintomas são mais graves, existem opções cirúrgicas. A miomectomia remove os miomas preservando o útero, enquanto a histerectomia, indicada para mulheres que não desejam gravidez, retira o útero completamente, detalha a ginecologista Bárbara Freyre.
Outra alternativa é a embolização das artérias uterinas, que diminui o fluxo sanguíneo para os miomas, reduzindo seu tamanho.
Especialistas reforçam que alterações no ciclo menstrual, como sangramento intenso e dores que atrapalham a rotina, devem ser investigadas imediatamente. Nenhuma mulher precisa conviver com dor como algo normal.