NICOLA PAMPLONA
FOLHAPRESS
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) avisou que é importante agir para evitar riscos ao setor elétrico causados pelo rápido crescimento da energia solar produzida em casas e pequenas fazendas no Brasil.
Segundo o planejamento médio divulgado em 16 de junho, existe o risco de problemas no sistema já em 2026, porque não há flexibilidade suficiente para diminuir a geração de energia quando o Sol está forte, e a demanda de energia está baixa.
Hoje, a capacidade instalada de micro e minigeração distribuída (MMGD) — que são painéis solares em telhados ou pequenas fazendas — já passou de 43 GW, quase 20% da capacidade total de geração do país. Este número deve chegar a cerca de 65 GW até 2030, o que será um quarto da capacidade total.
No dia 10 de agosto, o excesso de energia quase causou um colapso no sistema. Às 13h05, a MMGD respondeu por quase metade da demanda, e o ONS precisou desligar todas as usinas eólicas e solares grandes para evitar sobrecarga.
Com o crescimento previsto, pode ser que a energia controlada pelo ONS não seja suficiente para equilibrar o sistema. A MMGD atualmente não pode ser controlada pelo operador, o que pode causar desequilíbrio nos dias de baixa demanda.
O ONS alerta que
“a expansão da geração distribuída, que hoje não é controlada, pode causar desequilíbrio entre carga e geração, principalmente em dias de baixa demanda.”
Se nada for feito, essa situação pode prejudicar a estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O estudo prevê que em 2026 a situação pode ficar fora de controle por até sete dias, e em 2029, até 12 dias.
Uma das soluções sugeridas é diminuir o uso de usinas térmicas abaixo do limite atualmente contratado, o que ajuda, mas não resolve o problema.
“O número de dias com risco de perda de controle tende a aumentar, mesmo com o despacho das térmicas,” explica o documento. Reduzir o uso das térmicas ajuda em 2026, mas o risco volta nos anos seguintes.
Se o crescimento da demanda for menor que o previsto ou a MMGD crescer mais rápido, os riscos aumentam ainda mais, podendo exigir medidas emergenciais mais difíceis e caras para garantir a confiabilidade do sistema.
O ONS vem alertando desde pelo menos 2024 sobre o risco do crescimento descontrolado da MMGD, que tem incentivos financeiros que já deveriam ter acabado, mas continuam por influência política.
O governo tenta minimizar o problema com leilões de armazenamento de energia e um sistema que permita desligar a MMGD em excesso.
Outra alternativa é criar preços da energia que variem conforme o horário, incentivando o consumo quando há mais geração solar. Porém, o ONS diz que isso não será suficiente, e que é fundamental ajustar as políticas e incentivos para que a energia solar (centralizada e distribuída) não cresça mais rápido que a demanda.

