Mesmo após a demonstração de cordialidade entre Luiz Inácio Lula da Silva e Volodymyr Zelensky durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, a possível participação do presidente ucraniano no Brasil para a COP30 permanece indefinida.
Lula e Zelensky
Antes da reunião na Assembleia Geral da ONU deste ano, o último contato pessoal entre Lula e Zelensky aconteceu em 2023. O afastamento coincidiu com tensões entre Brasília e Kiev, causadas principalmente por declarações do presidente brasileiro sobre o conflito na Ucrânia.
Muitas das observações feitas por Lula sobre a guerra foram compreendidas por Zelensky como posicionamentos favoráveis à Rússia. No entanto, os dois líderes superaram as divergências durante o encontro na ONU em Nova York.
Após o encontro, o presidente ucraniano indicou a possibilidade de nova reunião com Lula em breve. Fontes diplomáticas, sob condição de anonimato, revelaram que o recontro pode ocorrer na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Clima, a COP30, marcada para novembro em Belém, capital do Pará.
Embora haja otimismo por parte do governo brasileiro, representantes ligados à embaixada ucraniana em Brasília afirmam que a participação de Zelensky na COP30 ainda não está confirmada. “Creio que algum ministro ucraniano marcará presença na cúpula”, disse um funcionário da embaixada.
Reunião na ONU
Depois de dois anos, Lula e Zelensky se viram novamente em setembro passado, durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, conversando por cerca de uma hora.
Embora o conteúdo total do diálogo não tenha sido divulgado, a diplomacia brasileira indicou que o presidente brasileiro reforçou sua posição de que não vê solução militar para a crise, comprometendo-se a apoiar esforços internacionais de paz na Ucrânia.
Zelensky expressou satisfação com a conversa e agradeceu o “posicionamento claro” de Lula sobre um possível cessar-fogo e o término do conflito.
Período de tensão
Com o retorno de Lula ao cargo em 2023, a relação entre Brasil e Ucrânia entrou em um momento delicado, principalmente por causa de declarações do presidente brasileiro que foram interpretadas como favoráveis à Rússia.
Essa situação piorou em maio, quando Lula participou das comemorações do 80º aniversário do Dia da Vitória em Moscou.
Como resposta à viagem, Zelensky recusou duas ligações telefônicas do presidente brasileiro e decidiu não nomear um novo embaixador para o Brasil após a aposentadoria de Daniel Zonshine, antigo chefe da missão diplomática em Brasília.
No contexto diplomático, essa atitude é interpretada como um sinal de descontentamento e um rebaixamento na relação bilateral entre os dois países.