Entre avanços ilusórios e negociações estagnadas, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, continuam no centro do impasse da guerra na Ucrânia. Enquanto isso, a tentativa de Donald Trump de se apresentar como “presidente da paz”, com a proposta de uma cúpula entre os líderes, mostra-se cada vez mais distante, prejudicando sua credibilidade.
O presidente norte-americano enfrenta frustração nas negociações para buscar um possível cessar-fogo duradouro. Ele tem se irritado com Zelensky e com aliados europeus, que, segundo ele, estariam fazendo exigências “irrealistas”.
A mídia internacional aponta que Trump teria afirmado que a Ucrânia “precisa perder território” para viabilizar um acordo.
Apesar da posição mais dura, os EUA continuam articulando consultas técnicas entre representantes de Kiev e Moscou antes de uma possível cúpula trilateral. Segundo o jornal norte-americano Politico, o enviado especial Steven Witkoff se encontrará em Nova York com o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, para tentar destravar conversas preparatórias.
Moscou, por sua vez, mantém exigências como o reconhecimento da perda de territórios no Donbass, a não adesão à Otan e um status de neutralidade para Kiev.
Reunião bilateral segue incerta
Com posições cada vez mais rígidas, a possibilidade de uma cúpula entre Putin e Zelensky, mediada por Trump, permanece indefinida. Questões como a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o futuro dos territórios ocupados continuam sendo obstáculos.
A Casa Branca esperava que um encontro entre os presidentes do Leste Europeu acontecesse em até duas semanas — prazo que já passou sem nenhuma reunião marcada.
“O que eu achava que seria o mais fácil está se revelando o mais difícil”, reconheceu Trump.
Pressão econômica
Recentemente, Trump demonstrou sua insatisfação com os líderes. Durante reunião de gabinete, afirmou que a responsabilidade pela falta de avanços é tanto da Rússia quanto da Ucrânia.
“Zelensky também não é exatamente inocente. São necessárias duas pessoas para dançar tango”, falou ironicamente.
O republicano ameaçou novas sanções a Moscou: “Não será uma guerra mundial, mas será uma guerra econômica. Será ruim para a Rússia”.
Apesar da retórica forte, evitou anunciar medidas imediatas e disse ainda acreditar em uma solução negociada. “Não quero impor novas tarifas que prejudiquem a economia russa. Acho que ainda há espaço para um acordo de paz.”
Últimos acontecimentos
Em 15 de agosto, Donald Trump iniciou esforços para tentar resolver o conflito na Ucrânia, ao receber o líder do Kremlin, Vladimir Putin, em Anchorage, no Alasca.
Após uma reunião de três horas, não houve acordos concretos, mas ambos disseram estar abertos ao diálogo e que estavam “no caminho certo”.
Após a cúpula no Alasca, Trump se reuniu com Volodymyr Zelensky na Casa Branca, seis meses após uma disputa relacionada a um acordo sobre minerais estratégicos ucranianos. Zelensky esteve acompanhado de líderes europeus que apoiam a Ucrânia.
Depois do encontro, Trump falou ao telefone com Putin e afirmou estar organizando uma reunião bilateral entre os dois líderes.
O prazo para esse encontro, e uma possível reunião trilateral com Trump, era de duas semanas, mas ainda não ocorreu.
Conflito prolongado
Enquanto as negociações estagnam, a guerra no Leste Europeu completa seu terceiro ano com nova intensificação dos ataques. Na última semana, a Rússia lançou mais de 600 armas contra Kiev, resultando em ao menos 21 mortos, incluindo quatro crianças.
Zelensky classificou o bombardeio como “um assassinato deliberado de civis” e disse que a ofensiva responde aos apelos internacionais por cessar-fogo.
O Kremlin reafirma estar “aberto a negociações”, mas insiste que a “operação militar especial” continuará até que suas condições sejam cumpridas.
Papel dos EUA e da Otan
Trump também afirma que Washington não financia mais diretamente Kiev, mas lucra com a venda de armamentos aos aliados europeus da Otan, que repassam parte desse material à Ucrânia. “Não pagamos mais nada à Ucrânia. É o contrário. Negociamos com a Otan, que nos paga integralmente”, declarou.
Para Kiev, porém, as garantias de segurança ainda são insuficientes. Zelensky pressiona por compromissos semelhantes ao Artigo 5 da Otan — que prevê defesa coletiva em caso de ataque — e pediu US$ 100 bilhões em armas americanas. Trump respondeu que esse custo deve ser em grande parte dos países europeus, não dos EUA.