Uma postagem de Eduardo Bolsonaro (PL) ao lado do xeique Khaled bin Hamad al-Khalifa, príncipe do Bahrein, provocou mal-estar nos círculos diplomáticos do reino situado no Golfo Pérsico. A imagem foi divulgada um dia após o parlamentar se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por coação, o que foi interpretado no meio diplomático como uma tentativa de mostrar uma suposta rede de apoio internacional.
Compartilhada em 16 de novembro no Instagram, a publicação retrata momentos da viagem do deputado ao Bahrein, incluindo a foto com o xeique al-Khalifa, presidente da Autoridade Geral do Desporto e do Comitê Olímpico do Bahrein.
Na legenda, Eduardo Bolsonaro expressou sua “grande satisfação” em rever o membro da família real, a quem chamou de “amigo”.
“Algumas pessoas possuem uma energia especial, verdadeira humildade, visão positiva e a habilidade de inspirar todos ao redor. Ele é uma dessas. Rever amigos assim renova a alma e nos lembra que boas alianças e boas companhias fazem toda a diferença na vida”, afirmou o filho de Jair Bolsonaro sobre a visita.
Eduardo Bolsonaro não detalhou a data do encontro com o xeique na postagem. No entanto, as fotos tornaram-se públicas cerca de 22 dias após a viagem ao Bahrein, provocando reações internas.
Embora a publicação tenha ocorrido em novembro, uma apuração mostrou que ao menos três fotos são de outubro, período em que o Bahrein sediou os Jogos Asiáticos da Juventude 2025 entre os dias 22 e 31.
Em uma das imagens, aparece o placar de uma partida de handebol entre Bahrein e Arábia Saudita, realizada em 26 de outubro, na qual a Arábia Saudita liderava por 18 a 13 aos 4 minutos do segundo tempo, resultado igual ao da transmissão oficial, que terminou com vitória dos sauditas.
Segundo três fontes diplomáticas do Bahrein, que falaram sob anonimato, a proximidade entre a divulgação das imagens e a ação no STF gerou desconforto na diplomacia do país. O gesto foi visto como uma tentativa de Eduardo Bolsonaro de usar a imagem do xeique para sugerir apoio à sua campanha internacional contra autoridades brasileiras relacionadas à condenação de Jair Bolsonaro.
A reportagem procurou a assessoria de Eduardo Bolsonaro para esclarecimentos, mas até a publicação não houve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.
