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terça-feira, 28/10/2025

Empréstimo dos Correios é o maior aval da União em 15 anos

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O governo Lula busca um empréstimo de R$ 20 bilhões para os Correios, que é o maior valor garantido pela União para estatais, Estados ou municípios nos últimos 15 anos.

Entre 2010 e 2025, o Tesouro Nacional garantiu 767 empréstimos internos para essas entidades, mas nenhum atingiu esse montante. Também foram feitas 407 operações externas, porém, nenhuma alcançou R$ 20 bilhões. Os dados foram levantados pelo Estadão com base na Secretaria do Tesouro Nacional, enquanto o Tesouro, o Ministério da Fazenda e os Correios não se pronunciaram.

Os Correios enfrentam sérios problemas financeiros, com prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre de 2025 e 12 trimestres consecutivos de perdas. O empréstimo visa ajudar a empresa a sair dessa situação, mas há preocupação com o risco de o governo federal ter que assumir essa dívida com recursos públicos.

A estatal pretende montar um consórcio de bancos públicos e privados para obter o crédito e promete apresentar um plano de reestruturação, incluindo demissões, para garantir o pagamento. Caso contrário, a União terá que cobrir a dívida.

Até hoje, a maior operação interna garantida pelo Tesouro foi um empréstimo de R$ 5,9 bilhões do BNDES para a Caixa, em 2010, destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento e ao Minha Casa, Minha Vida. Já a Eletrobras recebeu R$ 12,8 bilhões entre 2013 e 2014, via empréstimos de bancos públicos, enquanto empréstimos estaduais também não ultrapassaram esse valor.

Os Correios são classificados como estatal que não depende do Tesouro, o que permite pedir garantias para empréstimos; porém, especialistas questionam essa classificação devido à situação financeira da empresa. Tiago Sbardelotto, auditor e economista da XP Investimentos, afirma que os Correios deveriam estar no orçamento do governo por não terem recursos para pagar a folha desde 2022.

Tiago Sbardelotto alerta que o empréstimo apresenta alto risco para o Tesouro e não deveria ser feito sem um plano de recuperação confiável, sugerindo também uma avaliação independente para verificar a viabilidade do plano e proteger os cofres públicos.

O processo para garantir um empréstimo envolve negociação com instituições financeiras, avaliação do Tesouro sobre limites e condições, consulta jurídica à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e autorização final para a assinatura do contrato.

Até o momento, não houve confirmação de bancos que aceitem conceder o empréstimo. Caixa e Banco do Brasil têm reservas e desejam um plano sólido antes de avançar, assim como o Ministério da Fazenda. Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, considera que o empréstimo não resolve a questão de forma estrutural e traz riscos fiscais dependendo do formato adotado.

Essas informações foram compiladas pelo Estadão Conteúdo.

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