Após a detenção do empresário René da Silva Nogueira Júnior, suspeito da morte do gari Laudemir de Souza Fernandes na última segunda-feira (11/8), a motorista do caminhão de limpeza que acompanhava o caso no momento do crime relatou que não houve discussão no trânsito entre o homem e a equipe. Ela definiu o episódio como uma “violência gratuita” contra os trabalhadores.
Conforme Eledias Aparecida Rodrigues, os garis facilitaram a passagem do empresário entre o caminhão e veículos estacionados antes que René disparasse contra Laudemir.
“Não ocorreu confusão nem disputa. Ele [René] manteve a calma durante todo o tempo. Nós estávamos ajudando na manobra, tentando jogar o caminhão para o meio-fio, mas ele queria passar rápido”, recordou Eledias. “Foi uma agressão sem motivo, não discutimos em nenhum momento. Ele nos tratou como se fossemos descartáveis, atirando em quem estava mais próximo.”
Eledias acrescentou que a equipe operava no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte (MG), em uma rua com veículos estacionados em ambos os lados, e que os garis interromperam o tráfego para coletar o lixo.
O grupo pediu para que René, que estava com pressa, aguardasse e o ajudou a encontrar passagem segura pela via. Nessa ocasião, o empresário ameaçou Eledias, afirmando: “Se você encostar no meu carro, vou atirar na sua cara.”
Durante o relato, a motorista afirmou que os garis tentaram acalmar o homem, pedindo para que ele se controlasse. Em seguida, René avançou alguns metros na direção contrária ao caminhão.
Eledias disse ter visualizado as ações do suspeito pelo retrovisor e gritou para alertar os colegas de que ele estava armado.
René da Silva Nogueira Júnior, 47 anos, foi preso horas depois da agressão em uma academia de luxo do bairro Estoril, na região oeste de Belo Horizonte, durante operação conjunta das polícias Civil e Militar. Conforme as autoridades, o empresário ainda passeou com os cachorros após cometer o assassinato.
Ele será indiciado por ameaça e homicídio qualificado, por motivo fútil e emprego de meio que dificultou a defesa da vítima, e foi encaminhado ao sistema prisional.
Quanto à arma do crime, René disse aos policiais que o armamento pertence à sua esposa, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira.
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais iniciou investigação disciplinar e inquérito policial para averiguar a conduta da delegada relacionada ao caso.