ADRIANA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente da Emgea, Fernando Pimentel, está em negociação com o Ministério da Fazenda para transferir dividendos extras, com o objetivo de fortalecer o caixa do Tesouro Nacional e melhorar as finanças públicas neste ano.
Em entrevista, Pimentel informou que a Emgea, vinculada ao Ministério da Fazenda, dispõe de uma reserva de R$ 2,5 bilhões destinada ao repasse à União. Contudo, a empresa deseja manter parte desses recursos para seus próprios investimentos e também para auxiliar os Correios.
Segundo ele, o Tesouro considera a possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, porém não acredita que o montante total será utilizado, preferindo reservar parte para solucionar questões urgentes dos Correios.
O Tesouro Nacional, ao ser consultado, afirmou que os dividendos das estatais federais são distribuídos conforme a legislação e o equilíbrio financeiro dessas entidades, colaborando com o esforço fiscal do governo central.
Pimentel confirmou a chance da Emgea receber parte dos imóveis dos Correios, estratégia para acelerar a venda desses ativos e proporcionar um aporte imediato de recursos para a empresa postal, que enfrenta uma crise financeira severa e necessita de R$ 20 bilhões. Está em andamento a negociação de um empréstimo com bancos públicos e privados, que depende de aprovação técnica do Tesouro, que teria que atuar como fiador.
A proposta da Emgea inclui criar um fundo imobiliário para administrar esses imóveis. Pimentel explicou que tal fundo oferece maior agilidade para realizar os empreendimentos necessários, sendo uma medida emergencial para ajudar os Correios.
Não há valores definidos para essa operação, mas o total dos imóveis negociados não deve ultrapassar R$ 1 bilhão. A Emgea planeja pagar um terço desse valor para ficar com os imóveis por até um ano para vendê-los e recuperar o investimento gradualmente.
Além desses imóveis, outros ativos dos Correios podem ser repassados futuramente, com cerca de 300 propriedades em condição imediata de serem colocadas no mercado.
De acordo com Pimentel, a gestão da Emgea evita que os imóveis sejam vendidos por preços muito baixos, garantindo um bom retorno para a União ao administrar esses ativos com cautela e profissionalismo.
O presidente da Caixa, Carlos Vieira, também anunciou planos para criar um fundo com imóveis dos Correios, alinhado com as iniciativas da Emgea.
A Emgea foi criada em 2001 para administrar parte da carteira de crédito habitacional inadimplente da Caixa. Seu principal ativo é o Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), que é pago anualmente pelo Tesouro Nacional.
O Tesouro informou que a situação financeira da Emgea melhorou significativamente recentemente, reduzindo a necessidade de aportes extras.
Pimentel, ex-governador de Minas Gerais e ex-ministro, destacou a modernização da empresa, que em 2024 recebeu R$ 5 bilhões do FCVS para pagar dívidas com o FGTS.
A Emgea está ajustando seus serviços para oferecer avaliação e cobrança, com plano de criar fundos e firmar contrato com a bolsa B3 para ser sua avaliadora oficial ainda este ano.
Além disso, com mudanças legislativas, a empresa poderá criar fundos para parcerias público-privadas e gerenciamento de ativos da União, incluindo imóveis da Secretaria de Patrimônio da União.
Está no planejamento da Emgea entrar no mercado de tokenização, que permite dividir a propriedade dos imóveis em partes por meio de tokens digitais, uma inovação ainda em fase inicial no mercado.
Para fortalecer a área de cobrança, a Emgea pretende firmar acordos de cooperação técnica com empresas do mercado, visando melhorar sua eficiência operacional.

