A Embraer comunicou aos seus funcionários que o trabalho totalmente remoto terminará em 5 de janeiro de 2026. A previsão inicial era para este mês, mas foi postergada após pressão dos trabalhadores na unidade de São José dos Campos (SP).
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região recorreu à Justiça para contestar essa decisão. A Embraer informou que o trabalho presencial será retomado três dias por semana, permitindo até dois dias de home office. A mudança considera o crescimento da empresa.
Essa regra valerá para os 18 mil funcionários no Brasil, enquanto em outros países o retorno já ocorreu.
Segundo a Embraer, essa medida visa fortalecer os laços entre as equipes por meio do convívio, colaboração nos projetos, desenvolvimento dos colaboradores, além de melhorar a comunicação e a agilidade nas decisões.
O sindicato afirma que não houve negociação prévia. Herbert Claros, diretor do sindicato, conta que existe uma ação judicial para manter o modelo atual e iniciar diálogo com a empresa. Ele classifica a volta integral ao escritório como um retrocesso.
A ação se baseia no artigo 468 da CLT, que exige negociação para mudanças nas condições de trabalho. A mudança unilateral do regime híbrido e remoto vai contra essa lei.
O sindicato também argumenta que o retorno poderá prejudicar a produção por causa do tempo de deslocamento, além de cortar o pagamento mensal de R$ 900 dado a quem está em home office para cobrir despesas residenciais.
O anúncio inicial da volta presencial foi em março, com previsão para agosto, mas foi adiando após a manifestação dos trabalhadores contrários. Obras para melhorar as instalações foram iniciadas para receber os funcionários.
A Embraer adotou o home office desde a pandemia de 2020. Claros destaca que o modelo beneficiou muitos funcionários e não afetou a produtividade.
Atualmente, a maioria dos funcionários trabalha em regime híbrido, porém, alguns ainda trabalham 100% remotamente por motivos de saúde ou por residirem em outros estados e regiões, como Minas Gerais e Nordeste.
A empresa reforça que a mudança visa adequar funcionários e companhia ao novo formato.
Fuga das tarifas americanas
A Embraer evitou tarifas comerciais impostas pelo governo dos EUA em julho, que não incluíram aeronaves na lista de taxações. Essa decisão foi resultado dos esforços da Embraer e parceiros nos Estados Unidos para evitar impacto nas entregas e negócios.
A empresa emprega milhares de pessoas nos EUA, e o jato E175, essencial ao mercado americano, é insubstituível por atender critérios de contratos trabalhistas para rotas regionais.
Com sede em São José dos Campos e Gavião Peixoto, a Embraer é uma empresa internacional que fabrica aeronaves para aviação comercial, executiva, defesa, segurança e agricultura.
A companhia oferece também serviços e suporte através de uma rede global de entidades próprias e agentes autorizados.
Fundada em 1969, já entregou mais de 9.000 aviões. Em média, a cada dez segundos, um avião da Embraer decola em algum lugar do mundo, transportando mais de 150 milhões de passageiros por ano.
A Embraer é líder na produção de jatos comerciais de até 150 assentos e é o maior exportador brasileiro de produtos de alto valor agregado. A empresa possui unidades, escritórios e centros de serviços em diversos continentes, incluindo América, África, Ásia e Europa.