RICARDO DELLA COLETTA
FOLHAPRESS
A Embraer declarou, em resposta à investigação comercial iniciada pelo governo Donald Trump contra o Brasil, que a aplicação de novas tarifas sobre o setor de aviação poderia prejudicar os interesses dos Estados Unidos.
A empresa ainda informou que espera gerar um superávit de 8 bilhões de dólares com os EUA até o ano de 2030.
Nesta segunda-feira (18), a fabricante de aviões apresentou uma manifestação formal ao USTR, órgão responsável pela investigação que pode acarretar sanções adicionais contra o Brasil.
Em um documento de três páginas, a Embraer ressaltou que sua subsidiária EAH, fabricante de jatos executivos, está localizada na Flórida. Algumas informações financeiras e projeções fiscais foram mantidas confidenciais.
“A Embraer e a EAH deixam claro que a imposição de restrições às importações dos seus produtos seria contrária aos interesses dos Estados Unidos.”
A empresa destacou que nenhuma das supostas práticas injustas atribuídas ao Brasil pelo USTR envolve a Embraer ou sua subsidiária.
Além disso, listou as razões pelas quais traz grandes benefícios para a economia dos EUA. “Em relação à Embraer, os Estados Unidos poderiam alcançar um superávit de 8 bilhões de dólares entre 2025 e 2030 se não houver tarifas”, declarou a companhia.
A Embraer escapou da sobretaxa de 40% imposta por Trump a diversos produtos brasileiros, mas ainda está sujeita a uma tarifa adicional de 10% aplicada em abril pelo governo republicano.
Na manifestação, a empresa detalhou sua contribuição econômica nos EUA, com 2.500 empregos diretos distribuídos em 17 plantas, além de aproximadamente 10 mil empregos indiretos. Estima que suas compras para os próximos cinco anos podem gerar 5 mil novos empregos.
Também apontou seu papel no transporte aéreo dentro dos Estados Unidos, transportando cerca de 100 milhões de passageiros por ano, o que representa aproximadamente 10% do mercado aéreo americano.
“Mais de 2.000 aeronaves comerciais da Embraer operam atualmente nos Estados Unidos para companhias aéreas como American, Delta, United e Alaska Airlines”, afirmou a fabricante.
“As companhias aéreas americanas dependem do jato regional E175 da Embraer para um papel essencial em suas frotas, pois ele atende aeroportos menores e oferece mais voos entre grandes cidades que não podem ser conectadas eficientemente por aviões maiores.”
“É importante destacar que o E175 não compete com aeronaves fabricadas nos EUA e que mais da metade do custo total médio deste jato vem de componentes adquiridos de fornecedores americanos.”