Em sua ofensiva pela restrição da comercialização de armas, o presidente também deu uma entrevista à ‘CNN’ e ressaltou que defende o direito de porte, mas cobrou ‘bom senso’
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, negou nesta quinta-feira que as medidas executivas propostas na terça para controlar a venda de armas vise restringir o direito dos cidadãos de se armar, mas procuram reduzir a violência. Obama, em sua ofensiva para impor mais controles à venda de armas, publicou um artigo nesta quinta quinta-feira no site do principal jornal do país, o New York Times. Em seu texto, que também foi reproduzido na versão impressa do jornal que chegou às bancas nesta sexta, o presidente afirma que só apoiará um candidato democrata que defenda maior controle na comercialização de armamentos.
“Eu não farei campanha, nem darei meu voto ou apoio a nenhum candidato, mesmo do meu partido, que não apoie uma reforma de bom senso para o uso de armas”, escreveu o presidente em seu artigo. “E, se os 90% de americanos que apoiam essas reformas de bom senso se juntarem a mim, nós elegeremos a liderança que merecemos”. Também nesta quinta, Obama deu uma entrevista à rede CNN sobre o assunto e voltou a afirmar que defende o direito constitucional dos cidadãos portarem armas. “O que tenho dito consistentemente ao longo da minha presidência é que respeito a Segunda Emenda da Constituição. Respeito o direito de posse de armas. Respeito as pessoas que querem uma arma para sua proteção pessoal, caça ou esporte”, disse.
“Mas todos devem concordar que há sentido em fazer o possível para manter as armas fora do alcance de pessoas que querem provocar danos aos outros e a si mesmos”, declarou o presidente no programa transmitido ao vivo da universidade George Mason, em Fairfax, no Estado da Virgínia. Ao lado de vítimas e familiares de pessoas mortas em tiroteios, mas também diante de representantes do comércio de armas, Obama defendeu medidas de “bom senso” para aumentar o controle sob a venda de armas.
“Não vamos eliminar a violência com armas, mas podemos reduzi-la”, assinalou o presidente, lembrando que 30.000 pessoas morrem anualmente no país por causa das armas, incluindo 3.000 suicidas. O pacote de medidas do governo determina a verificação de antecedentes criminais na compra de armamento através de grupos, sociedades ou organizações locais, e inclui o aumento substancial do pessoal especializado que ficará encarregado de checar os antecedentes. Também determina a checagem de antecedentes criminais de vendedores de armas de fogo – um requisito para obter uma licença – não só para aqueles que operam em um espaço físico, mas também para os que o fazem pela internet ou nas feiras de armamentos montadas em centros comerciais.
O governo propõe ainda aumentar a ajuda a pessoas que sofrem de transtornos mentais graves e incentivar o desenvolvimento de tecnologias para aumentar a segurança das armas de fogo. O poderoso grupo de pressão americano das armas, o National Rifle Association (NRA), negou-se a participar do programa organizado pela CNN.