Ao analisar a Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (17/9), o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, destacou que a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu um ponto de estabilidade após a repercussão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. O impacto da medida aparenta ter “batido no teto”, segundo avaliação do especialista.
Conforme o levantamento, a aprovação de Lula em setembro mantém-se em 46%, com desaprovação em 51%, índices iguais aos registrados em agosto, indicando estabilidade na opinião pública. Ainda, 3% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.
“Parece que o efeito do tarifaço bateu no teto. A popularidade do governo ficou estável mesmo com 49% acreditando que Lula tem se saído melhor que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no confronto com os norte-americanos”, afirmou Felipe Nunes.
Desde maio, a aprovação do presidente vinha crescendo gradativamente, passando de 40% para 46% em agosto, patamar agora repetido em setembro. Já a desaprovação caiu de 57% em maio para 51% no último levantamento.
A avaliação geral do governo também permanece estável: 31% consideram o trabalho como positivo, 28% o veem como regular, e 38% como negativo, variações que se encontram dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais.
Felipe Nunes ressaltou que apesar da estabilidade, existem aspectos a se comemorar e outros que demandam atenção. O programa social Gás do Povo, lançado recentemente, já tem aprovação de 67% da população. No entanto, programas sociais em geral parecem ter perdido parte de seu impacto político, com 65% dos entrevistados afirmando que essas iniciativas são direitos ao cidadão e não ‘benefícios que requerem gratidão política’, aumento significativo em relação aos 51% registrados em março.
O cientista político também enfatizou que Lula ainda não conseguiu alterar a percepção predominante de que o país está no caminho errado, com 58% mantendo esse entendimento, levemente acima dos 57% de agosto. Além disso, 61% acreditam que o presidente perdeu conexão com o povo, número dois pontos percentuais abaixo do registrado em maio. “Deixar de ser reconhecido como o ‘pai dos pobres’ pode ser um problema sério para o mandatário”, observou.
Julgamento de Bolsonaro
Felipe Nunes também avaliou o cenário envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta rejeição crescente após condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) por liderança em tentativa de golpe.
Na pesquisa, 55% dos entrevistados acreditam que houve essa tentativa de golpe, contra 38% que negam. Em dezembro, esse percentual era de 50% favoráveis e 38% contrários.
Aqueles que creem que Bolsonaro participou do plano golpista somam 54%, aumento de dois pontos percentuais desde agosto, enquanto o grupo que nega sua participação caiu para 34%.
“Enquanto Lula encara seus desafios, Bolsonaro enfrenta uma rejeição ainda maior. A pesquisa indica que o julgamento trouxe mais dificuldades do que soluções para ele e confirmou a percepção pública sobre a tentativa de golpe envolvendo militares e o ex-presidente”, ressaltou Felipe Nunes.
O CEO destacou que o STF foi o principal beneficiário do julgamento, observando um crescimento na avaliação de imparcialidade do tribunal, que subiu de 36% para 42%, e uma redução na percepção de perseguição contra Bolsonaro, que caiu de 52% para 47%.
Apoio ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes diminuiu, com 36% favoráveis e 52% contrários, contra 46% e 43%, respectivamente, em agosto.
“Em resumo, os dois lados pagam um preço político: a recuperação de Lula estagna enquanto a rejeição de Bolsonaro se intensifica, deixando o ministro Alexandre de Moraes como o principal fortalecido”, concluiu o CEO da Quaest.
A pesquisa foi realizada entre 12 e 14 de setembro com 2.004 participantes, apresentando nível de confiança de 95% e margem de erro de 2 pontos percentuais.