O documento enviado pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou no indiciamento do ex-presidente e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), nessa quarta-feira (20/8), revela momentos tensos entre pai e filho, quando o parlamentar rebateu ao ser chamado de “imaturo” e fez uma referência ao ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em uma das conversas registradas no relatório, Eduardo demonstra preocupação com as declarações de Bolsonaro sobre o apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e com o possível impacto disso em sua situação política nos Estados Unidos.
O episódio ocorreu após o ex-presidente afirmar, em entrevista, que o filho não seria “tão maduro assim” para a política, comentando a troca de críticas entre Eduardo e o governador Tarcísio. Em resposta, o deputado usou palavras duras contra o pai.
O que está acontecendo?
A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais.
A PF concluiu investigações relativas à Ação Penal nº 2668, em trâmite no STF, que investigam uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil entre 2022 e 2023.
O indiciamento ocorre em um momento delicado, com sanções dos Estados Unidos a autoridades brasileiras e a pressão do governo de Donald Trump, que classificou a ação contra o ex-presidente como uma “caça às bruxas”.
A conversa analisada no documento ocorreu em 15 de julho, seis dias após o presidente americano anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Após o susto causado pela entrevista, Eduardo comparou-se a Temer, um frequente interlocutor de seu pai.
“Quero que você me veja como o Temer. Você diria isso do Temer?”, questionou o deputado.
Bolsonaro reagiu dizendo que resolveria a questão em um programa televisivo, ao que Eduardo retrucou: “Ou não fale nada” e “me deixa de lado”.
Eduardo critica pai
Além disso, em mensagens de WhatsApp reveladas pela PF, o deputado federal usou palavras ofensivas contra o pai e o chamou de “ingrato do caramba”.
A acusação de “imaturo” motivou Eduardo a responder com palavrões e ameaças. Ele afirmou que já havia superado diferenças com Tarcísio, mas, após as declarações do pai, pensava em confrontá-lo novamente.