São Paulo, 15 – O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez críticas nesta terça-feira, 15, ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo Eduardo, Tarcísio se reuniu com empresários para conversar sobre o aumento das tarifas aplicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros, atitude que ele chamou de uma postura de controle servil em favor das elites.
Eduardo Bolsonaro defende que o Brasil conceda anistia ao presidente Jair Bolsonaro e aos outros acusados de planejar uma manobra para manter Jair no poder após as eleições de 2022. Para ele, a tentativa do governador de negociar com empresários e com representantes da embaixada americana enfraquece essa estratégia.
Eduardo escreveu nas redes sociais dirigindo-se a Tarcísio: “Se você realmente olhasse para a nossa indústria ou comércio, apoiaria o fim do regime que pode destruir a economia e nossas liberdades. Mas como você acredita que servir as elites é sinônimo de defender o país, não espero que entenda”.
A decisão de aumentar tarifas americanas sobre produtos brasileiros provocou um conflito entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Eles têm visões diferentes sobre a estratégia política para o grupo ligado a Jair Bolsonaro.
A disputa tem como pano de fundo a eleição presidencial de 2026: Eduardo deseja ser o sucessor do pai, mas vê Tarcísio como o preferido dos partidos do Centrão e dos empresários.
Tarcísio tem colocado a culpa do aumento das tarifas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e na diplomacia desse governo, enquanto tenta abrir um diálogo com os Estados Unidos para reverter a medida, apresentando dados técnicos na embaixada.
Para o governador, o principal é proteger a economia brasileira, já que as tarifas prejudicam setores importantes da indústria e do agronegócio, especialmente em São Paulo.
Eduardo Bolsonaro acredita que o foco deveria ser responsabilizar o Supremo Tribunal Federal pela medida, chamando-a de “Tarifa Moraes”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes.
Antes de negociar com os Estados Unidos, Eduardo defende que se exija uma ampla anistia que beneficie seu pai e outros acusados pela tentativa de golpe e presos do dia 8 de janeiro.
Aliados de Eduardo afirmam que Tarcísio contrariou suas expectativas ao se encontrar com o representante da embaixada americana, Gabriel Escobar, em Brasília, para discutir os efeitos do aumento das tarifas. Já aliados do governador dizem que Jair Bolsonaro sabia dessas reuniões, já que Tarcísio almoçou com ele recentemente.
Na manhã desta terça, Tarcísio teve uma reunião com empresários do setor industrial no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para tratar do assunto, com presença de representantes da embaixada dos Estados Unidos.
Alguns aliados do governador acreditam que a posição de Eduardo Bolsonaro pode afastar empresários e gerar a impressão de que interesses pessoais estariam acima do bem do país.
Por outro lado, os aliados de Eduardo veem que o aumento das tarifas fortalece sua influência política, mostrando sua capacidade de articulação junto ao governo americano.
Para seus apoiadores, o objetivo de Eduardo é manter sua importância política. O governador de São Paulo é hoje o principal nome da direita e favorito dos empresários. Embora tenha negado publicamente a possibilidade de disputar a presidência em 2024, Tarcísio tem sinalizado interesse na corrida eleitoral.
A decisão sobre quem será o candidato da direita caberá a Jair Bolsonaro, que tem acompanhado as pesquisas eleitorais, mas também considera outros fatores. Seu filho, senador Flávio Bolsonaro, disse que o apoio dependerá de compromisso com o indulto ao ex-presidente.
Estadão Conteúdo