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domingo, 02/11/2025




Economia forte no campo deve ajudar em tempos difíceis, diz vice do BB

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IDIANA TOMAZELLI E ADRIANA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou a renegociação de dívidas rurais para ajudar produtores em dificuldades financeiras, mas Gilson Bittencourt, vice-presidente de agronegócios e agricultura familiar do Banco do Brasil, avalia que a solução ideal é planejar o futuro no médio e longo prazo.

Ele explica que muitos produtores têm o costume de pensar apenas em ganhos e gastos no ano atual, mas é importante criar uma reserva para quando vierem os anos difíceis, já que o setor é cíclico.

Nos últimos anos, o agronegócio teve bons resultados, com preços elevados das commodities durante a pandemia, o que aumentou a renda dos produtores. Porém, nem todo o lucro foi investido no campo. Parte do dinheiro foi usada para comprar imóveis ou abrir outros negócios, incluindo a compra de terras, o que bloqueia recursos necessários para a safra.

Gilson Bittencourt afirma que muitos produtores estão com menos capital próprio para investir na lavoura e enfrentam falta de liquidez quando precisam de dinheiro rápido. Muitos inadimplentes eram produtores que normalmente pagavam suas dívidas em dia.

Ele destaca que é essencial criar uma reserva para cobrir perdas, já que os seguros ajudam, mas não garantem total proteção. O desafio é incentivar os produtores a reservar uma parte dos ganhos para esses momentos.

Além do aumento da taxa Selic, a expectativa de renegociação das dívidas fez com que alguns produtores atrasassem pagamentos de forma intencional. Também houve otimismo exagerado sobre a manutenção dos preços altos, o que levou a decisões financeiras arriscadas, como contratos de arrendamento baseados em renda elevada que agora se tornaram onerosos.

A inadimplência no crédito rural do Banco do Brasil subiu para 3,5% no segundo trimestre de 2025, o dobro do ano anterior. Nos casos de terras arrendadas, a inadimplência chega ao dobro da média, afetando regiões como Rio Grande do Sul, Mato Grosso e São Paulo.

O executivo explica que os preços estão retornando a níveis normais após um período excepcionalmente alto, e que a expectativa equivocada de ganhos permanentes prejudicou muitos produtores.

Muitos produtores já estão inadimplentes ou enfrentando dificuldades para pagar, e todos devem ser atendidos pela renegociação que o Banco do Brasil está oferecendo.

O banco terá pelo menos R$ 4,3 bilhões em linha de crédito subsidiado para produtores que sofreram perdas significativas devido a fenômenos climáticos entre 2020 e 2024, atendendo cerca de 20 mil produtores. Essa linha está disponível apenas em municípios com calamidade reconhecida e produtores com perdas de pelo menos 30% em duas safras.

Além disso, o banco pode oferecer até R$ 20 bilhões em linha com recursos livres, com taxas pré-fixadas ou pós-fixadas que variam conforme o risco e a taxa Selic. Caso a Selic baixe, a taxa de juros para produtores também poderá diminuir.

Gilson Bittencourt explicou que há um debate com o Banco Central para considerar as renegociações como crédito rural, o que impacta os custos e as condições das operações. O banco defende que parte das renegociações sejam computadas como crédito rural para otimizar recursos e custos.

Essa negociação é importante para controlar o spread, que é a diferença entre o custo de captação e o que é cobrado do produtor, garantindo sustentabilidade para o banco e melhores condições para os clientes.




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