O resultado é reflexo da queda na adesão dos consumidores ao programa de bônus da Sabesp, que dá desconto de até 30% para quem reduz o gasto com água. De acordo com os dados, 20% dos clientes aumentaram o consumo em agosto em relação à média mensal antes da crise hídrica, calculada entre fevereiro de 2013 a janeiro de 2014. Em julho, o índice era de 17% dos consumidores. Ou seja, a adesão ao bônus caiu de 83% para 80% em um mês.
Desde janeiro deste ano, quem eleva o consumo de água está sujeito a uma multa de até 50% na conta. Em julho, quando cerca de 10% dos clientes foram multados (o restante ficou isento por consumir menos de 10 mil litros por mês ou por pagar tarifa social), a Sabesp arrecadou R$ 51,4 milhões com a medida. Os dados de agosto ainda não foram divulgados pela companhia.
No mês passado, muitos consumidores da Grande São Paulo haviam relaxado na economia de água. Levantamento feito pela administradora de condomínios Lello, com 1,7 mil empreendimentos, constatou uma queda na adesão do programa de bônus de 82% em março para 76% em julho.
Além de chuvas abaixo da média, a Sabesp destaca que agosto passado foi o mais seco dos últimos dez anos, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o que contribui no aumento do consumo.
Seca
A queda na economia ocorre em um momento crítico da crise hídrica. O Sistema Cantareira, o maior manancial que atende a região e que ainda abastece cerca de 5,2 milhões pessoas só na Grande São Paulo, teve o agosto mais seco da história e a segunda entrada de água mais baixa em 85 anos – à frente apenas de outubro de 2014, Já o Sistema Alto Tietê, que atende a 4,5 milhões de pessoas, recebeu no mês passado o menor volume de água desde 1930.
Para a companhia, apesar da queda, a economia de 6,3 mil l/s “é fundamental para a manutenção do abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo, que desde o início da crise hídrica teve a sua produção de água reduzida em 27%”, de 71,4 mil l/s em fevereiro de 2014 para 52,2 mil l/s em agosto.
“A redução de 19,3 m³/s é tão significativa que corresponde ao abastecimento de água do município do Rio de Janeiro”, afirma a Sabesp.
Conforme a reportagem mostrou em agosto, com dados referentes ao mês de julho, 66% dessa economia resultam das ações de racionamento de água feitas pela Sabesp, como a redução da pressão e o fechamento manual da rede, que provocam longos cortes no abastecimento, e a diminuição do volume de água vendido no atacado para empresas municipais de saneamento, como Guarulhos e Mauá. Hoje, nas atuais condições, cada 1 mil l/s são suficientes para abastecer cerca de 400 mil pessoas.