A economia do Brasil cresceu 0,5% do primeiro para o segundo trimestre do ano, mostrando uma desaceleração, já que no primeiro trimestre o crescimento foi de 1,3%.
Esses números vêm do Monitor do Produto Interno Bruto (PIB), um estudo mensal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado recentemente no Rio de Janeiro.
O estudo oferece uma prévia do comportamento da economia do país, indicando a evolução do total de bens e serviços produzidos, e antecipa os dados oficiais que serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De maio para junho, o crescimento também foi de 0,5%, segundo a FGV. Os dados são ajustados para tirar influências típicas de cada época do ano, como o número de dias úteis, para uma comparação mais justa entre os meses.
A FGV aponta que,a economia brasileira cresceu 2,4% no segundo trimestre comparado ao mesmo período de 2024. Em um prazo de 12 meses, o aumento é de 3,2%. Para o primeiro semestre, a FGV estima um PIB de R$ 6,109 trilhões.
Impacto dos juros altos
Juliana Trece, economista do Ibre, explicou que o crescimento no segundo trimestre veio principalmente dos setores de serviços e indústria. Nos serviços, o crescimento foi generalizado em várias atividades.
Na indústria, o desempenho positivo foi mais restrito ao setor extrativo, indicando maior fragilidade do setor como um todo.
Juliana Trece destacou que a desaceleração no segundo trimestre ocorreu porque a agropecuária não contribuiu tanto quanto no primeiro trimestre e pelo efeito retardado dos juros altos sobre a economia.
O estudo também mostra que o consumo das famílias continua crescendo, mas em ritmo menor desde o fim de 2024: no último trimestre de 2024, o aumento foi de 3,7%; no primeiro trimestre deste ano caiu para 2,6% e, no segundo trimestre, foi de 1,5%, sempre comparando com o mesmo período dos anos anteriores.
Por que os juros estão altos?
Os juros começaram a subir em setembro do ano passado, quando a taxa básica (Selic) saiu de 10,5% ao ano e foi subindo até chegar aos atuais 15%, o maior patamar desde julho de 2006.
A decisão da taxa Selic é do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e ocorre a cada 45 dias. O objetivo é manter a inflação dentro da meta do governo, que é 3% ao ano, considerando uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Desde setembro de 2024, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está acima do teto dessa meta (4,5%).
Os juros altos têm efeito de frear a inflação, tornando empréstimos mais caros para pessoas e empresas, e desestimulando investimentos, porque poupar pode render mais do que investir agora.
Essa situação reduz a atividade econômica, o que pode levar a menos empregos e renda. Segundo o Banco Central, o impacto dos juros na inflação demora de seis a nove meses para ser sentido, o que coincide com o que o Monitor do PIB identificou.
Dados oficiais do PIB
O Monitor do PIB é uma das ferramentas para entender o desempenho da economia brasileira. Outro indicador é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que também mostrou crescimento de 0,3% do primeiro para o segundo trimestre, com elevação de 3,9% em 12 meses.
O dado oficial do PIB é divulgado trimestralmente pelo IBGE, e o relatório referente ao segundo trimestre será divulgado no dia 2 de setembro.
Informações provenientes da Agência Brasil.