Uma moeda para chamar de sua. É possível que a América Latina acalente o desejo de criar uma unidade monetária para um bloco de países? Mas, principalmente, há vantagens nesse movimento? A Sputnik Brasil explica se essa proposta de fato é viável.
“Importante seria que tivéssemos um sistema complementar entre as economias dos nossos países. Por exemplo, o trigo argentino, ou a situação absurda de que não tenhamos produção de fertilizantes necessária e suficiente no Brasil. Quase foi feito algo semelhante quando foi feita uma aproximação das grandes petrolíferas, como a [Petróleos de Venezuela S/A] PDVSA, a Petrobras e a YPF [estatal de petróleo da Argentina], YPFB [petrolífera boliviana] e com um banco sendo financiador dessa empreitada de operação. É algo nesse sentido que tem que ser feito, com lastro, em cima de uma indústria de base muito forte, como petróleo, ou qualquer outra que não seja esta. E, a partir daí, ir ampliando o sistema de trocas internas”, indica Beaklini.
“Durante seus dois mandatos, Lula nunca deu passos no sentido de uma união monetária real, algo que outrora já havia sido proposto pelo governo boliviano de Evo Morales há mais de dez anos. E Lula nunca abraçou esse projeto”, relembra Rafael Rezende, doutor em sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Moeda única: uma ponte para o BRICS
De olho nos entraves
“É preciso evitar a desindustrialização porque ela pode ser um pretexto para se desistir do ingresso em uma nova moeda regional a fim de evitar que o parque fabril brasileiro invada todo o mundo. Então o Brasil tem que ter ciência de que liderar um processo no bloco regional é ser responsável pelos parceiros e não impor suas vontades e condições sobre os demais”, analisa.