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sábado, 15/11/2025




E-mails de Epstein geram polêmica envolvendo Trump e Brasil

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O presidente dos EUA, Donald Trump, enfrentou mais uma semana conturbada. Apesar de ter sancionado o fim do shutdown, o republicano sofreu nova pressão: democratas divulgaram um vasto conjunto de documentos, com mais de 20 mil páginas, contendo e-mails do criminoso sexual Jeffrey Epstein, onde Trump é mencionado diversas vezes, reacendendo antigas suspeitas que ele tenta ocultar.

O Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes liberou recentemente um novo lote extenso de arquivos provenientes do espólio de Epstein, obtidos por intimação no início do ano. Os documentos, com e-mails trocados pelo bilionário ao longo de 15 anos, colocam Trump novamente no centro das atenções públicas.

Entre as mensagens reveladas, Epstein menciona repetidamente Trump, ironiza sua saúde mental, sugere segredos comprometedores e discute episódios que envolvem pessoas próximas ao republicano. As trocas também mostram Epstein e Ghislaine Maxwell coordenando estratégias de comunicação sobre acusações de abuso sexual.

A Casa Branca minimizou os fatos, com a porta-voz Karoline Leavitt afirmando que esses documentos “não provam absolutamente nada” contra o presidente.

Os e-mails indicam que Epstein fazia críticas severas sobre Trump em diferentes ocasiões. Em 2017, chamou o então presidente futuro de “completo maluco” em mensagem a um repórter do New York Times. No ano seguinte, disse ao ex-secretário do Tesouro Larry Summers que Trump era “quase insano” e revelou à ex-conselheira da Casa Branca Kathryn Ruemmler que “sabia o quão sujo Donald é”, em alusão a possíveis escândalos.

Essas trocas ocorreram enquanto o ex-advogado de Trump, Michael Cohen, declarava-se culpado por crimes federais relacionados ao caso Stormy Daniels. Os documentos também sugerem que Epstein teria material sensível envolvendo o presidente. Em 2015, comentou que poderia divulgar “fotos de Donald e garotas de biquíni na minha cozinha” e mencionou uma modelo dos anos 1990 que teria sido “entregue a Donald”. Nada foi comprovado, e Trump sempre negou irregularidades.

Outro fragmento indica que Epstein contestava a versão que Trump dava sobre o rompimento da relação entre eles. Em mensagens ao escritor Michael Wolff, disse que “nunca foi membro” do clube Mar-a-Lago e negou ter sido expulso por assediar funcionárias, sugerindo ainda que Trump “sabia das meninas”.

Caso Jeffrey Epstein

Jeffrey Epstein, ex-financista bilionário, foi acusado de operar uma rede de exploração sexual com menores entre os anos 1990 e 2000. As primeiras denúncias emergiram em 2005, ocasionando uma investigação policial que durou anos. Em 2008, Epstein fechou um acordo judicial, admitindo parte das acusações e cumprindo pouco mais de um ano em regime especial, sendo libertado em 2009.

O caso voltou à tona em 2019 com uma nova investigação federal que levou à prisão de Epstein por tráfico sexual. Menos de três semanas depois, foi encontrado morto em sua cela em Manhattan, em um aparente suicídio, segundo as autoridades.

Mensagem enigmática nos e-mails

Entre os documentos há um e-mail de 2 de abril de 2011, em que Epstein escreve a Ghislaine Maxwell indicando que “o cão que não latiu é Trump“, sugerindo que Virginia Giuffre — identificada assim por alguns republicanos do Comitê — teria passado horas na casa dele com Trump, sem mencioná-lo em acusações.

Ligações com o Brasil

A divulgação revelou referências ao Brasil. Em e-mail datado de 2018, Epstein comenta: “Chomsky me ligou com Lula. Da prisão. Que mundo.” Isso sugere que Noam Chomsky teria intermediado uma ligação entre Epstein e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba na época.

A Secretaria de Comunicação da Presidência negou essa ligação, embora coincida com a visita de Chomsky a Lula em 20 de setembro de 2018 — um dia antes do e-mail.

Outro e-mail cita Jair Bolsonaro, então candidato à Presidência, como “o cara”, sem fornecer contexto ou esclarecer a natureza da menção.

Reação de Trump

Com sua popularidade em queda e desgaste pelo shutdown, Trump respondeu nas redes sociais, chamando a divulgação dos documentos de “farsa” e acusando os democratas de desviar a atenção. Determinou que a procuradora-geral Pam Bondi abrisse ampla investigação sobre as relações de Epstein com figuras como Bill Clinton, Larry Summers, Reid Hoffman e executivos do JP Morgan.

Bondi confirmou que iniciará o inquérito e nomeará Jay Clayton, procurador do distrito sul de Nova York, para conduzi-lo.

No Legislativo, houve movimentações para obter a liberação completa dos arquivos do Departamento de Justiça relacionados a Epstein. A deputada Adelita Grijalva assumiu seu cargo, somando o 218º voto necessário para forçar a deliberação na Câmara.

Deputadas republicanas sobreviventes de violência sexual, como Lauren Boebert e Nancy Mace, recusaram-se a retirar seus nomes da petição pela divulgação total. O presidente da Câmara, Mike Johnson, anunciou que colocará em votação, na próxima semana, um projeto para liberar totalmente esses documentos.




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