NICOLA PAMPLONA
FOLHAPRESS
Empresas que distribuem gás de cozinha dizem que a falta de clareza nas regras do setor está impedindo a compra de novos botijões para o programa Gás do Povo, lançado recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O programa, que oferece botijões grátis para até 16 milhões de famílias, deve aumentar em até 8% a venda de gás liquefeito de petróleo (GLP) em botijões pequenos no país, segundo o Sindicato das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás).
O presidente do sindicato, Sergio Bandeira de Mello, afirma que serão necessários entre cinco a dez milhões de novos botijões para atender essa demanda. As empresas já conversam com os fornecedores, mas ainda não fecharam negócios.
Ele questiona: “Como comprar milhões de botijões, que custam R$ 220 cada, se a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) pode impedir que eles sejam da empresa daqui a pouco?”
A ANP está pensando em mudar as regras do setor, incluindo permitir que botijões sejam parcialmente cheios e que empresas possam vender botijões de outras marcas.
Os defensores dessas mudanças dizem que isso pode baixar o custo do frete e o preço final do gás, além de permitir a entrada de empresas menores em um mercado hoje dominado por cinco grandes companhias.
No entanto, grandes distribuidoras que vendem cerca de 80% do gás reclamam que essas mudanças podem reduzir a segurança dos botijões sem baixar muito o preço e poderiam permitir a ação de criminosos no setor.
A ANP afirma que ainda não decidiu sobre essas propostas e que qualquer mudança teria medidas para garantir segurança e o controle dos botijões.
Durante a conferência Liquid Gas Week, Sergio Bandeira de Mello pediu uma decisão rápida, já que o programa quer atender todo o público até março de 2026, e as empresas precisam de tempo para comprar os botijões.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que também participou do evento, evitou dar uma opinião direta, mas indicou que o governo quer estabilidade nas regras, pois isso garante segurança para programas importantes como o Gás do Povo.
Ele disse: “O governo acredita que manter as regras estáveis é fundamental para o sucesso desse tipo de programa”.
Além disso, destacou que a agência reguladora pode discutir o tema, mas o Conselho Nacional de Política Energética, que ele preside, vai supervisionar para garantir políticas públicas estáveis que incentivem investimentos no Brasil.
