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sexta-feira, 22/11/2024
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Dormir pouco afeta o cérebro da mesma forma que o álcool

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Um novo estudo publicado na Nature mostrou que não dormir o suficiente tem um impacto no cérebro semelhante ao do abuso de álcool

Quando não temos uma boa noite de sono, sentimos os efeitos negativos ao longo do dia, como dificuldade de concentração, cansaço e stress. No entanto, as consequências da privação do sono podem ser ainda mais graves.

Segundo um novo estudo, publicado na renomada revista científica Nature, quem não dorme o suficiente pode apresentar lapsos de memória e uma percepção visual distorcida devido a uma falha de comunicação temporária entre os neurônios, de forma semelhante (e tão perigosa quanto) à embriaguez.

“Descobrimos que a falta de sono reduz a capacidade de funcionamento dos neurônios, causando lapsos cognitivos. Isso prejudica a forma como percebemos e reagimos ao que acontece ao nosso redor”, disse Itzhak Fried, um dos pesquisadores, ao site especializado Medical News Today.

O estudo

Pesquisadores da Universidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, e da Universidade Tel Aviv, em Israel, acompanharam 12 pessoas com epilepsia, que possuíam eletrodos implantados no cérebro como forma de registrar com que frequência as convulsões ocorrem e onde elas têm origem no cérebro.

Como parte da avaliação do estudo, as convulsões foram induzidas pela privação do sono. Para monitorarem a atividade elétrica no cérebro e identificarem padrões, os participantes permaneceram acordados durante a noite até chegarem a um episódio convulsivo. Já no experimento, os participantes receberam uma tarefa de categorização, na qual eles tiveram que ordenar diferentes imagens em determinadas categorias o mais rápido possível.

Enquanto os voluntários realizavam a tarefa, os cientistas procuraram avaliar a atividade cerebral do lobo temporal, que está associado à memória e ao reconhecimento visual. Com isso, eles perceberam que quanto mais cansados e sonolentos os participantes ficavam, mais difícil a tarefa se tornava e pior eram suas performances.

Funções comprometidas

Yuval Nir, principal autor do estudo, explicou que, com a falta de sono, as células do cérebro tornam-se mais lentas, comprometendo a comunicação neural. “Normalmente, a reação dos neurônios é rápida, mas nesses indivíduos as transmissões neurais demoraram mais.”

A insônia, segundo os pesquisadores, afeta a forma como os neurônios codificam as informações e como os estímulos visuais são lidos, algo muito semelhante às consequências da embriaguez. Estudos anteriores já mostraram que quando um motorista está cansado, por exemplo, a atenção vagueia, pois os neurônios não estão respondendo com a eficiência que deveriam.

“A falta de sono exerce uma influência similar ao álcool no cérebro”, disse Fried. “No entanto, não existem padrões legais ou médicos que identifiquem o cansaço dos motoristas do mesmo modo que conseguimos identificar a influência do álcool na direção.”

Dormindo acordado

Além disso, no recente estudo, as células cerebrais que levaram mais tempo para responder foram associadas a ondas cerebrais mais lentas, como as que normalmente são registradas durante as fases do sono, e essas atividades reduzidas foram localizadas nas mesmas regiões do cérebro.

“Essas ondas lentas do sono interromperam a atividade cerebral dos participantes e seus desempenhos nas tarefas”, explicou Fried. “Esse fenômeno sugere que determinadas regiões do cérebros se desligam, causando lapsos mentais, enquanto o resto do cérebro permanece acordado e funcionando como de costume.”

De acordo com os pesquisadores, a próxima etapa do estudo irá buscar os mecanismos cerebrais responsáveis ​​pelos lapsos de memória e de percepção, bem como os dos benefícios de uma boa noite de sono.

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