Prefeito disse que traficantes usam local para armazenar armas e drogas. Comunidade sofre tentativas de remoção há quatro gestões.
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta terça-feira (4) que irá remover a Favela do Moinho, na região central de São Paulo, para combater o tráfico de drogas. Segundo a polícia, é daquela comunidade que saem as drogas vendidas na região da Cracolândia.
O tucano disse que pediu ao secretário de Habitação que desenvolva um projeto de casas populares para que os moradores do Moinho possam “ter habitação digna e correta e ao mesmo tempo eliminar a existência dessa comunidade”. Segundo o prefeito, traficantes “lamentavelmente utilizam esta comunidade para armazenamento de drogas e armas”.
O programa de habitação popular a que Doria se refere é uma Parceria Público-Privada (PPP), com o governo do estado. O tucano disse que os moradores do Moinho terão prioridade. “Com isso você esvazia o campo onde uma facção criminosa da capital utiliza esta área como ponto de tráfico de entorpecentes e também para armazenamento de armas que são utilizados no tráfico no centro da cidade de São Paulo.”
Morte de morador
Há uma semana, na última terça-feira (27), Leandro de Souza Santos, de 18 anos, foi baleado e morto em uma operação policial na favela.
Policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM paulista, dizem que ele foi morto em uma troca de tiros. Já a família afirma que ele foi torturado por cerca de uma hora e assassinado. Os dois policiais que atiraram foram afastados de suas funções.
Imbróglio jurídico
Única favela que restou no Centro de São Paulo, a comunidade do Moinho enfrenta tentativas de remoção há mais de quatro gestões da Prefeitura.
O ex-prefeito Fernando Haddad chegou a prometer regularizar a situação das famílias em 2012, à época da corrida eleitoral, mas não bancou os imbróglios jurídicos e nada foi feito.
A posse do terreno, localizado sob o viaduto Orlando Murgel, é disputada na Justiça há mais de década.
Os moradores conseguiram tutela antecipada por usucapião, já que residem no local há aproximadamente 30 anos. A área foi leiloada em 1999 para sanar as dívidas de IPTU da empresa originalmente proprietária.
Como a compra do terreno foi posteriormente contestada na Justiça, o dono segue indefinido e nenhuma melhoria reivindicada pela comunidade – saneamento básico, luz e energia – foi autorizada até hoje.