Em abril de 2023, a inglesa Sharon Smith sentiu uma dor aguda e inesperada no peito. Inicialmente acreditando que pudesse ser um problema no coração, ela buscou atendimento médico. Contudo, o diagnóstico surpreendeu: não era algo ligado ao coração, mas sim um câncer ainda não identificado.
Exames realizados horas após sua admissão no hospital revelaram uma leucemia linfoblástica aguda (LLA), um tipo de câncer que avança rapidamente dentro das células de defesa do organismo e demanda tratamento imediato.
“Foi um choque total”, relata Sharon. “Eu não apresentou nenhum sintoma anterior. Tínhamos acabado de voltar de férias, onde caminhei bastante pela Espanha, e na noite anterior à dor eu joguei futebol com meu neto no jardim”, conta.
Quais são os tipos de leucemia?
- Leucemia Linfocítica Aguda (LLA): mais frequente em crianças, ocorre quando os linfócitos jovens não amadurecem e se multiplicam de forma descontrolada.
- Leucemia Mielóide Aguda (LMA): afeta células sanguíneas imaturas e progride rapidamente; comum em adultos, pode envolver glóbulos vermelhos, brancos ou plaquetas.
- Leucemia Linfocítica Crônica (LLC): típica em idosos, caracteriza-se pelo acúmulo lento de linfócitos maduros, que geralmente não prejudicam imediatamente a produção das células normais e muitas vezes não requer tratamento.
- Leucemia Mielóide Crônica (LMC): produz excesso de glóbulos brancos maduros; mais comum em adultos por volta dos 60 anos, apresenta evolução lenta e pode não precisar de tratamento imediato.
Início do tratamento
O diagnóstico marcou o começo de uma série de tratamentos para Sharon. Após confirmação da doença pela biópsia da medula óssea, ela começou um ciclo de quimioterapia para eliminar as células malignas. Em novembro de 2023, realizou um transplante de células-tronco para substituir seu sangue por células saudáveis.
A paciente teve boa recuperação e retornou às suas atividades habituais. Entretanto, em setembro de 2024, um exame de controle indicou que a leucemia havia retornado, o que causou grande impacto emocional para Sharon e sua família.
“Sempre fui muito ativa e me sentia normal, por isso a notícia foi devastadora. Parecia que tudo estava acabado”, relata.
Uma nova esperança
Alguns dias após a recidiva, o médico Muhammad Saif informou que Sharon foi aceita para um tratamento inovador: a terapia com células CAR-T, uma técnica avançada e cara que combate cânceres que resistem a tratamentos convencionais. Essa terapia modifica as próprias células de defesa do paciente para atacar o câncer.
“Passei do pior momento da minha vida para a sensação de uma grande chance de cura, como se tivesse ganhado na loteria”, lembra.
O procedimento precisava ser rápido. Embora estivesse previsto para chegar à cidade de Sharon, Liverpool, momentos depois, ela viajou a Manchester para iniciar o tratamento o quanto antes e conter a progressão da doença.
Foram cerca de 20 viagens para consultas, coleta de células, quimioterapia preparatória, infusão e acompanhamento. Parte do tratamento incluiu uma permanência em Manchester superior a três semanas.
Como funciona a imunoterapia com CAR-T
A terapia CAR-T é personalizada. As células T, que fazem parte do sistema imunológico, são coletadas do sangue da paciente e enviadas a um laboratório para serem geneticamente modificadas. Depois, Sharon recebeu quimioterapia para preparar seu corpo para o tratamento e, em seguida, a infusão dessas células modificadas.
O processo ocorreu com internação hospitalar e monitoramento rigoroso. Nos primeiros dias, surgiram efeitos colaterais esperados, mas, com o suporte adequado, ela se recuperou bem e apresentou boa resposta ao tratamento.
Atualmente, os exames de sangue e biopsia indicam ausência de sinais da doença em Sharon.
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