SÃO PAULO, SP
O dólar teve pequenas variações hoje, um dia depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.
A decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, divulgada ontem após o fechamento do mercado, também influencia as negociações financeiras.
Pela tarde, a moeda americana caiu levemente 0,06%, valendo R$ 5,584. Enquanto isso, a Bolsa de Valores caiu 0,48%, ficando em 133.345 pontos.
O governo de Donald Trump publicou o decreto oficializando a sobretaxa de 50% sobre produtos importados do Brasil, que será aplicada a partir do dia 6 de agosto. Contudo, cerca de 694 produtos, incluindo alimentos, minérios, energia e itens ligados à aviação civil, estão isentos dessa tarifa, oferecendo certa proteção para setores importantes.
Essa medida foi justificada como uma resposta às políticas brasileiras que, segundo o governo americano, apresentam risco à segurança nacional e interesses econômicos dos EUA, citando inclusive o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e uma suposta perseguição do ministro Alexandre de Moraes.
O documento não menciona o volume do comércio bilateral entre Brasil e EUA, nem detalhes sobre déficits ou superávits nas trocas comerciais.
Por sua vez, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a decisão americana, dizendo que ela é injusta e que o Brasil buscará reverter a situação via canais diplomáticos e organizações internacionais.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, afirmou que ainda há espaço para negociações e destacou que aproximadamente 45% das exportações brasileiras estão livres dessa taxa, apontando para uma situação onde ambos os países podem perder.
As ações da Embraer, fabricante aeronáutica, subiram consideravelmente devido às exceções concedidas para o setor aéreo. No entanto, o Ibovespa continuou em baixa, pressionado pelas quedas nas ações da Vale, devido à desvalorização do minério na China, e da Petrobras. A Ambev também caiu após apresentar resultados financeiros abaixo das expectativas.
O Copom manteve a taxa Selic em 15% ao ano, encerrando um período de aumentos consecutivos. O comitê mencionou a guerra comercial entre Brasil e EUA como um fator que tornou o cenário econômico mais desafiante e incerto.
Analistas afirmam que o impacto das novas tarifas pode reduzir a inflação ao desacelerar a economia, com maiores detalhes sobre os efeitos sendo esperados nas próximas análises do Banco Central.
Ademais, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve os juros estáveis, priorizando o controle da inflação e o pleno emprego, sem indicar pressa para futuras reduções nas taxas, o que pode fortalecer o dólar.