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sexta-feira, 14/11/2025




Dólar sobe um pouco com saída de dinheiro e quedas em moedas da América Latina

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O dólar apresentou uma ligeira valorização durante a tarde desta quinta-feira, 13, fechando em alta, mesmo com a moeda americana em queda no mercado internacional. Operadores apontam que a possível saída de recursos da bolsa brasileira e o receio do aumento das remessas ao exterior nas próximas semanas limitaram as apostas em queda do real após a cotação ultrapassar o nível de R$ 5,30.

Além disso, a desvalorização das moedas de países emergentes na América Latina, que vinham se valorizando recentemente, também impactou o real. O peso mexicano, principal moeda negociada contra o real, caiu frente ao dólar durante o dia, com destaque negativo para o peso colombiano, que perdeu cerca de 1%.

O dólar à vista variou entre R$ 5,2741 e R$ 5,3033, encerrando em R$ 5,2983, uma alta de 0,10%. Na semana, a moeda americana caiu 0,70%, acumulando uma queda de 1,52% em novembro, após subir 1,08% em outubro. No acumulado do ano, o dólar recua 14,27% perante o real.

Marcelo Bacelar, gestor de portfólio da Azimut Brazil Wealth Management, explicou que a recente valorização do real ocorreu por uma rotação global de investimentos, com recursos se deslocando de países desenvolvidos para mercados emergentes. Também citou a postura firme do Comitê de Política Monetária (Copom), que contribuiu para a queda do dólar, uma vez que a taxa Selic alta atrai operações de carry trade, tornando caro manter posições em dólar.

Hoje, o movimento que favorecia as moedas emergentes parece ter enfraquecido, com o dólar subindo em relação a moedas fortes como euro, franco suíço e libra. O índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta de moedas, chegou a cair abaixo de 99 pontos, mas fechou próximo de 99,155 pontos.

No cenário político dos EUA, a Câmara dos Representantes aprovou o fim de um shutdown de 43 dias, que causou interrupção na divulgação de dados econômicos importantes para o Federal Reserve monitorar o mercado de trabalho.

Comentários divergentes de dirigentes do Banco Central americano, após palavras do chairman Jerome Powell dizendo que um corte de juros em dezembro não é garantido, geraram dúvidas sobre futuros afrouxamentos da política monetária. Monitoramentos indicam que a possibilidade de manutenção da taxa básica em dezembro já supera 50%.

Marcelo Bacelar observou que, apesar do real estar forte devido à fraqueza do dólar globalmente, incertezas fiscais e piora nas contas externas seguem como preocupações. O aumento das remessas ao exterior até o final do ano pode limitar a força do real, especialmente com a nova tributação de 10% sobre dividendos enviados para fora do país, embora o ambiente externo possa continuar favorecendo a moeda brasileira.

Há dúvidas sobre como as empresas vão lidar com essa tributação, apesar da isenção para dividendos gerados em 2025, mesmo que distribuídos nos anos seguintes. A maioria acredita que o Banco Central deve injetar liquidez no mercado para conter a saída de dólares, embora em menor escala do que o observado em dezembro do ano passado, quando mais de US$ 21 bilhões foram injetados.

Bolsa

O Ibovespa, após certa estabilidade, fechou em baixa moderada de 0,30%, refletindo queda das bolsas americanas, mesmo com a retomada das atividades públicas nos EUA. A bolsa brasileira havia acumulado uma sequência de 15 altas, incluindo 12 recordes consecutivos.

Na semana, o Ibovespa acumula ganhos de 2,01% e 5,10% no mês, avançando 30,66% no ano. O giro financeiro foi de R$ 29,1 bilhões.

Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, apontou que a queda no mercado americano, sobretudo no setor de tecnologia, impactou o Ibovespa. O índice Nasdaq caiu 2,29% e liderou as perdas nos EUA.

Entre as ações, Petrobras teve ganhos limitados, Vale terminou com leve queda, e Banco do Brasil reduziu perdas após resultados trimestrais. Hapvida foi o destaque negativo do Ibovespa, com forte queda, enquanto MRV, Allos e MBRF lideraram as altas.

Victor Borges, operador na Manchester Investimentos, comentou que o fim do shutdown nos EUA não elimina os efeitos econômicos negativos acumulados e gerou dúvidas sobre a confiabilidade dos dados oficiais que ficaram pendentes.

Também foi mencionado que a delicada situação política pode trazer riscos fiscais ao Brasil, principalmente com possíveis mudanças na reforma da Previdência e a vantagem do presidente Lula em pesquisas para as eleições de 2026, que causa preocupação nos mercados.

Juros

A curva de juros futuros no Brasil operou com tendência de queda nos prazos curtos e intermediários durante a maior parte do dia, influenciada por dados fracos do varejo, mas perdeu força no fim do pregão acompanhando a valorização do dólar e o desempenho ruim dos mercados internacionais de renda fixa.

O contrato DI para janeiro de 2027 fechou próximo de 13,665%, para 2029 em 12,84% e para 2031 em 13,175%.

Tiago Hansen, economista da Alphawave Capital, comentou que os juros futuros brasileiros foram influenciados pelos juros em alta nos EUA, apesar dos dados domésticos fracos.

O rendimento dos títulos do Tesouro americano subiu devido às incertezas sobre a trajetória dos juros após o fim do shutdown. Luis Ferreira, do EFG International, mencionou que, mesmo sendo temporário, o shutdown dificulta a análise para os formuladores de políticas, e que os principais riscos continuam sendo uma inflação mais alta inesperada e possíveis exageros nos investimentos em inteligência artificial.

No Brasil, dados recentes mostraram queda nas vendas do comércio restrito e leve aumento no varejo ampliado, indicando sinais mistos sobre o ritmo econômico.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, vê o início dos cortes na taxa de juros entre janeiro e março de 2024, apesar das incertezas fiscais e eleitorais que podem pressionar os juros de longo prazo.

Em resumo, o mercado financeiro brasileiro segue sob influência de fatores internacionais e domésticos, com atenção ao cenário fiscal e política monetária que definirão a evolução dos ativos nos próximos meses.




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