O dólar começou o dia com uma pequena alta nesta terça-feira (29). Os investidores estão de olho nas negociações entre o governo do Brasil e os Estados Unidos para tentar evitar uma sobretaxa de 50% que os EUA querem aplicar em todos os produtos brasileiros, a partir desta sexta-feira (1º).
Também estão sendo acompanhadas as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, que vão decidir as taxas de juros nos dois países. Os encontros iniciaram hoje.
Por volta das 9h04, o dólar subia 0,13%, cotado a R$ 5,60 para venda. O Banco Central vai fazer um leilão para vender até US$ 1 bilhão e rolar uma dívida que vence no dia 4 de agosto.
No fechamento de segunda-feira (28), o dólar subiu 0,54% e a bolsa caiu 1,04%.
Nos negócios internacionais, os Estados Unidos e a União Europeia fecharam um acordo para aplicar tarifas de 15% na maioria dos produtos do bloco europeu. Este é o mesmo valor acordado com o Japão na semana passada.
Segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, a UE vai gastar US$ 750 bilhões a mais em produtos de energia dos EUA, investir US$ 600 bilhões e comprar grande quantidade de equipamentos militares americanos.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que a tarifa de 15% será aplicada em automóveis, semicondutores e remédios, mas que alguns produtos estratégicos, como aviões e peças, terão tarifa zero.
Um analista da StoneX, Leonel Mattos, vê o acordo como uma vitória para os EUA, que conseguiram abrir mercados e assegurar investimentos com tarifas maiores do que antes.
Este entendimento traz mais tranquilidade para os mercados e para o dólar, que vinha perdendo força devido ao risco de uma guerra comercial global.
O índice DXY, que mede o valor do dólar contra seis moedas fortes, subiu 1,04%, para 98,65 pontos.
Para o Brasil, contudo, a situação ainda é difícil. O prazo para evitar a sobretaxa de 50% nos produtos brasileiros é dia 1º de agosto, mas as conversas com os EUA estão paradas.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta negociar com os americanos e o chanceler Mauro Vieira estará em Nova York para a ONU e pode viajar a Washington para conversar, se os EUA aceitarem.
O próprio presidente Lula pediu para Joe Biden refletir sobre a importância do Brasil e resolver as divergências de forma pacífica.
Porém, parece haver pouco espaço para acordo. Um funcionário da Casa Branca disse que o governo dos EUA não viu propostas sérias do Brasil para negociar as tarifas.
O governo brasileiro viu nisso indicação de que os EUA podem culpar o Brasil pela aplicação das tarifas e que os americanos querem tratar o assunto como político, não comercial, o que o Brasil rejeita.
Em carta a Lula, Joe Biden ligou parte da decisão a uma suposta perseguição contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a restrições à liberdade de expressão, o que causa mais tensão.
O Brasil insiste que não fará concessões políticas e quer que a conversa seja comercial.
Segundo a agência Bloomberg, o governo dos EUA prepara uma nova base legal para impor as tarifas ao Brasil, mas não divulgou detalhes.
Diego Costa, especialista da B&T XP, alerta que a tarifa pode ser uma retaliação política e aumentar a instabilidade do câmbio e das exportações brasileiras.
Além disso, os mercados esperam as decisões de juros do Brasil e dos EUA na quarta-feira, com expectativa de que ambas as autoridades mantenham as taxas atuais.