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sexta-feira, 24/10/2025

Dólar sobe um pouco apesar de inflação tranquila nos EUA

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Após uma queda inicial pela manhã devido a uma inflação mais baixa do que o esperado nos EUA, que aumenta a expectativa de dois cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve até o fim do ano, o dólar à vista recuperou força à tarde e terminou o dia com uma leve alta. Operadores indicam que a queda no preço do petróleo e a redução nas perdas do dólar frente a outras moedas emergentes levaram a um movimento de realização de lucro intradia no mercado local, em um cenário com pouca liquidez.

Relatos também mostram uma demanda maior por compras no mercado à vista e futuro, típico do fim do ano, quando há aumento nas transferências de recursos para o exterior.

O dólar à vista teve mínima de R$ 5,3628 e máxima de R$ 5,4032, fechando em alta de 0,12%, a R$ 5,3926. A moeda encerra a semana com baixa de 0,24%, mas ainda apresenta ganhos em outubro (1,31%). No acumulado do ano, o dólar recua 12,74% em relação ao real.

No Brasil, o IPCA-15 de outubro registrou alta de 0,18%, abaixo da previsão média de 0,24%. Investidores aumentam as expectativas de que a taxa Selic comece a ser reduzida em janeiro. Analistas ressaltam, contudo, que é cedo para mudanças significativas, já que o diferencial entre juros interno e externo, com o Fed flexibilizando a política monetária e a Selic ainda alta, dificulta apostas fortes contra o real.

Ricardo Gallo, sócio da Ethica Services, afirma que a valorização do real este ano resulta do enfraquecimento global do dólar e do aumento das operações de carry trade devido à alta taxa de juros e baixa volatilidade da moeda. Isso fez com que investidores estrangeiros reduzissem bastante a posição comprada em dólar. “Estamos no clima de carry trade. Se a Selic cair ou a volatilidade aumentar, o retorno cai, mas a dança continua mesmo se o dólar subir no exterior”, diz Gallo.

Analistas observam que o real se valorizou este ano mesmo com a piora das contas externas. O Banco Central revelou que o déficit em transações correntes foi de US$ 9,774 bilhões em setembro de 2025, o maior para o mês desde o início da série histórica, superando as estimativas mais pessimistas.

Bolsa

Os dados de inflação baixos nos EUA e no Brasil aumentaram as esperanças por cortes de juros e deram impulso ao mercado de ações, com alta significativa em setores ligados à economia doméstica. O Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,31%, aos 146.172,21 pontos, após alcançar máxima próxima do recorde histórico. Na semana, o índice subiu 1,93%, quase eliminando as perdas de outubro, e acumula valorização de 21,52% em 2025.

Max Bohm, estrategista da Nomos, destaca que os dados de inflação abaixo do esperado impactaram positivamente os juros futuros e, consequentemente, a bolsa, especialmente em setores cíclicos.

O índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA subiu 0,2% em setembro, menos que a previsão de 0,3%, sinalizando uma possível continuidade nos cortes de juros pelo Federal Reserve. No Brasil, o IPCA-15 avançou 0,18% em outubro, menor que a expectativa de 0,24%, indicando uma tendência favorável para o controle da inflação em 2025.

Apesar disso, o índice perdeu fôlego à tarde devido à baixa liquidez, com volume financeiro de R$ 16 bilhões, inferior à média diária. Investidores adotam cautela antes do encontro entre os presidentes Lula e Trump, previsto para domingo, e da reunião entre os presidentes dos EUA e da China na próxima semana.

Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset, ressalta que o mercado termina a semana mais cauteloso, aguardando possíveis novidades geopolíticas e decisões relacionadas ao shutdown americano.

Juros

Os juros futuros na B3 caíram pelo quinto dia consecutivo, atingindo mínimas intradia. O IPCA-15 mais baixo reforçou a percepção de que os preços no Brasil estão desacelerando rápido, enquanto o CPI americano, também menor do que o esperado, sustenta a expectativa de cortes do Fed.

Essa situação amplia o diferencial de juros entre Brasil e EUA, favorecendo a valorização do real via carry trade, o que ajuda a controlar a inflação interna.

A maioria dos agentes considera improvável um corte da Selic em dezembro, mas vem aumentando a expectativa para uma redução em janeiro. Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, há 67% de chance de corte de 0,25 ponto percentual na primeira reunião do próximo ano.

As taxas dos contratos DI para os próximos anos registraram quedas importantes, refletindo a expectativa de redução gradativa dos juros.

A equipe econômica do Santander observa que a redução das taxas foi geral e o mercado monitora o risco de desaceleração econômica e a situação dos mercados de crédito, que influenciam as posições de investimento.

João Freitas, estrategista da Toro Investimentos, destaca que a inflação abaixo de 5% acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 é um sinal forte para futuros cortes de juros.

Os índices oficiais preliminares mostram desaceleração da inflação em outubro, com os principais indicadores abaixo das projeções, sinalizando uma assimetria para baixo na inflação de 2025.

Nos EUA, o CPI ficou ligeiramente abaixo das expectativas, reforçando a possibilidade de queda gradual dos juros pelo Fed, segundo especialistas como Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1.

O núcleo de serviços americano permanece um pouco acima do desejado, mas sem indicar riscos imediatos para a inflação geral, o que dá conforto para novos cortes de juros no país.

Fonte: Estadão Conteúdo

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