O dólar fechou em alta e atingiu o valor de R$ 5,52, o maior desde o início de agosto, em meio a incertezas relacionadas ao cenário eleitoral brasileiro. A valorização da moeda americana também ocorreu em relação a outras moedas latino-americanas, contribuindo para a desvalorização do real.
Esse movimento está relacionado às recentes pesquisas eleitorais que indicam mudanças nas perspectivas de candidatos para as eleições de 2026. O senador Flávio Bolsonaro (PL) tem ganhado destaque nas intenções de voto, enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vê sua candidatura enfraquecer. A atual popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também impacta a percepção do mercado.
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, destaca que o aumento nas chances de reeleição de Lula eleva os prêmios de risco e aumenta as incertezas locais, influenciando negativamente o câmbio.
Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que eleva a tributação sobre bancos, apostas e bilionários, que deve impactar as contas públicas em 2026, contribuindo para a instabilidade no mercado financeiro.
Além disso, o fluxo cambial mostra uma entrada líquida maior no comércio exterior, porém com saída líquida pelo canal financeiro, refletindo os desafios enfrentados pela economia brasileira neste período.
Mercado de ações
O índice Ibovespa teve queda, influenciado pelas aprovações legislativas e a instabilidade política, atingindo níveis similares aos observados há quase duas semanas. Empresas como Petrobras e Vale apresentaram variações positivas, enquanto outras ações sofreram perdas significativas.
Especialistas apontam que as incertezas eleitorais e fiscais têm gerado mais ruído do que fundamentos reais para as oscilações do mercado de ações.
Juros futuros
Os juros futuros também registraram alta, refletindo a preocupação do mercado com o quadro fiscal e as perspectivas políticas para os próximos anos. A dificuldade de identificar um candidato forte da oposição eleva os prêmios de risco embutidos nas taxas futuras.
A economista-chefe da CM Capital Markets, Carla Argenta, ressalta que a ausência de um candidato definido da oposição e o cenário político incerto reforçam a previsão de que a taxa Selic não será reduzida no início de 2026, possivelmente ocorrendo um corte apenas em março.
Em resumo, a combinação de instabilidade política, mudanças nas pesquisas eleitorais e decisões fiscais tem provocado alta no dólar, volatilidade na bolsa e aumento dos juros futuros, evidenciando o impacto do quadro eleitoral no cenário econômico brasileiro.

