São Paulo, 27 – Depois de três dias seguidos de queda, o dólar teve uma leve alta e fechou cotado a R$ 5,35 nesta quinta-feira, 27. O mercado teve pouca movimentação, pois as bolsas de Nova York estavam fechadas devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, o que deixou a liquidez baixa.
Alguns fatores técnicos e ajustes de contratos futuros perto do fim do mês influenciaram essa alta moderada. Também foram observados dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, mas eles não tiveram impacto significativo na cotação.
O dólar atingiu máxima de R$ 5,3587 durante a tarde e fechou em R$ 5,3521, com alta de 0,33%. Na semana, a moeda acumula baixa de 0,91%.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, explicou que essa alta é principalmente um movimento técnico de ajuste, já que não houve notícias relevantes para mexer no mercado. Ela ressaltou que a liquidez menor devido ao feriado nos EUA e um pouco de cautela pelo cenário político e fiscal influenciaram o mercado.
Dados do Caged mostraram que foram criadas 85.147 vagas de trabalho formais em outubro, número menor do que o esperado, e o saldo acumulado no ano está 15,3% abaixo do mesmo período do ano passado.
Na Itaú Asset, Gabriel Galípolo afirmou que a inflação está caminhando para a meta de 3% e que a política monetária tem efeito, embora de forma lenta. Ele ressaltou que a economia está resistente, e o Banco Central não deve se deixar levar por dados isolados.
O presidente do Banco Central também comentou que o BC está atento a possíveis saídas maiores de dólares devido a mudanças na tributação do Imposto de Renda sobre dividendos e que pode oferecer linhas de crédito para dar liquidez ao mercado, se houver demanda.
Mercado de ações
No feriado americano, o Ibovespa operou com baixíssimo volume e terminou o dia quase estável, com leve queda de 0,12%, aos 158.359,76 pontos. O índice ainda acumula ganhos de 2,32% na semana e quase 6% no mês.
A Petrobras teve alta, ajudando a impedir queda maior, enquanto bancos fecharam em sua maioria com perdas. As maiores altas foram da CVC, Pão de Açúcar e IRB, e as maiores baixas foram de Hapvida, Azzas e MBRF.
Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora, destacou que a cautela dos investidores deve continuar enquanto não houver notícias novas que mexam com a volatilidade do mercado.
Juros futuros
Sem os mercados americanos para referência, as falas de Gabriel Galípolo tiveram grande influência sobre os juros futuros negociados no Brasil. Após ele suavizar o otimismo sobre cortes na taxa Selic, as taxas para curto e médio prazo subiram.
O contrato DI para janeiro de 2027 fechou em 13,550%, e o DI para janeiro de 2029 ficou em 12,72%. Já o DI para 2031 caiu para 13,01%.
Gabriel Galípolo disse que a política monetária está funcionando, mas lentamente, e que o Banco Central manterá os juros elevados enquanto for necessário para conter a inflação na meta de 3%.
Ele também ressaltou o crescimento surpreendente do crédito no Brasil e a necessidade de cautela na política monetária.
Gean Lima, gestor da Connex Capital, comentou que a mensagem do Banco Central foi clara: não vão mudar a política a cada dado positivo inesperado.
Lembrando que os dados do Caged de outubro decepcionaram e mostraram uma geração de empregos menor que o previsto, reforçando a decisão cautelosa do Banco Central.
Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, as declarações do presidente do BC foram mais relevantes para o mercado do que os dados do Caged, reafirmando o compromisso da autoridade monetária com o controle da inflação.