O dólar teve uma pequena alta hoje, apesar da cautela marcada por fatores externos e pela situação fiscal do Brasil. O real não conseguiu se fortalecer, mesmo com a possível reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Durante o pregão, o dólar chegou a atingir R$ 5,41, mas encerrou o dia cotado a R$ 5,3969, um aumento pequeno de 0,12%. No mês de outubro, o dólar valorizou 1,39%, enquanto no ano caiu 12,67% em relação ao real, que é a moeda com melhor desempenho na América Latina.
No exterior, o dólar apresentou estabilidade, com uma leve alta no índice que mede sua força contra seis moedas fortes. Algumas moedas emergentes perderam valor ante o dólar, principalmente o peso colombiano, afetado por uma crise diplomática com os EUA.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, destacou que o mercado está cauteloso, principalmente devido ao impasse do governo americano e a expectativa sobre a reunião entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping.
Na Câmara dos Deputados, um projeto que dobra o imposto sobre apostas foi aprovado em comissão, gerando incerteza sobre as contas públicas.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, assegurou que as medidas alternativas ao projeto vetado pelo Congresso devem gerar receitas e cortes nos gastos equivalentes ao esperado inicialmente, totalizando cerca de R$ 31,6 bilhões.
O Tribunal de Contas da União, por sua vez, sugeriu flexibilizar a meta fiscal para 2025, buscando evitar cortes abruptos de despesas.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, comentou que a situação fiscal ainda é um desafio para a valorização do real, apesar da atratividade dos juros elevados no Brasil.
O Banco Central divulgou que o fluxo cambial em outubro está negativo, com saída líquida de dólares, refletindo o cenário cauteloso.
Mercado de ações
O índice Ibovespa teve alta moderada, fechando próximo dos 145 mil pontos, impulsionado por empresas como Vale, Petrobras e Itaú, apesar da queda nas bolsas internacionais.
João Ferreira, da One Investimentos, atribuiu a alta às fortes produções e preços do minério de ferro e petróleo.
Luise Coutinho, da HCI Advisors, apontou que o mercado externo está cauteloso, influenciado por incertezas políticas e resultados financeiros decepcionantes de empresas como a Netflix.
No âmbito doméstico, Dario Durigan reafirmou a meta para o déficit zero em 2025 e a expectativa de superávit em 2026, reforçando o compromisso fiscal do governo.
Daniel Teles, da Valor Investimentos, destacou que a alta do dólar foi moderada e que o mercado espera com otimismo o encontro entre Lula e Trump.
Taxas de juros
Os juros futuros na bolsa brasileira registraram queda pelo terceiro dia consecutivo, com o mercado antecipando um cenário de inflação menor e possível início de redução dos juros em 2026.
As declarações de Dario Durigan sobre as compensações fiscais deram suporte para a queda dos prêmios de risco.
Os operadores destacam a boa situação da inflação, a queda nos preços das commodities e a redução do preço da gasolina, reforçando a perspectiva de melhora econômica.
Apesar disso, o Banco Central mantém cautela, priorizando a estabilidade do câmbio e a saúde do mercado de trabalho.
Matheus Spiess, da Empiricus Research, acredita que a queda dos juros deve começar apenas em 2026, e que as medidas fiscais apresentadas ainda não solucionam os problemas estruturais do país.
Rostagno, da EPS Investimentos, concorda que a visão sobre a inflação contribuiu para o movimento de queda das taxas hoje, reforçada pelas falas do governo sobre o compromisso fiscal.
Em resumo, o dólar subiu ligeiramente, o mercado de ações mostrou otimismo cauteloso, e os juros futuros recuaram diante de expectativas de inflação mais baixa e ações governamentais que visam manter equilíbrio fiscal.