O dólar terminou o dia com uma leve alta, chegando a R$ 5,33, após cair para cerca de R$ 5,29 pela manhã. Essa movimentação ocorreu em um cenário de cautela no Brasil, devido à incerteza sobre a votação na Câmara dos Deputados do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda.
Além disso, o mercado internacional também influenciou o câmbio, diante do início de uma paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, conhecida como “shutdown”, causada por um impasse orçamentário no Congresso dos EUA.
Durante o dia, o dólar operou abaixo de R$ 5,30 conforme o índice DXY — que mede a força da moeda americana em relação a outras moedas fortes — atingiu seu ponto mais baixo, impulsionado por dados fracos do mercado de trabalho nos EUA. No entanto, no final da tarde, o índice DXY voltou a apresentar leve queda após um breve aumento.
Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o mercado teve um dia atípico, influenciado pelo shutdown e pela cautela local em relação à aprovação do projeto da isenção do Imposto de Renda sem medidas para compensar a perda de receita.
Apesar dos dados do mercado de trabalho dos EUA indicarem possibilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve, há preocupação de que uma paralisação prolongada do governo dos EUA gere maior volatilidade no mercado de moedas.
Cristiane Quartaroli destaca que o real seguiu, em grande parte, a influência externa, mas também sofreu com a menor disposição ao risco devido às incertezas sobre a aprovação do projeto fiscal.
O relatório ADP mostrou que o setor privado americano cortou 32 mil empregos em setembro, contrariando a previsão que esperava criação de 50 mil vagas. O relatório também revisou os dados de agosto, de 54 mil novos empregos para uma redução de 3 mil.
A agência de estatísticas dos EUA suspendeu a divulgação de dados econômicos até que o impasse orçamentário seja resolvido, o que pode adiar o importante relatório oficial de emprego previsto para esta sexta-feira (3).
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, comenta que o shutdown, embora não seja novidade, aumenta o ruído político e o risco, podendo atrasar divulgação de indicadores importantes para a avaliação do Federal Reserve.
JD Vance, vice-presidente dos EUA, acredita que a paralisação não será longa, mencionando que negociações indicam avanços por parte de democratas moderados.
Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, aponta que o atraso na divulgação de indicadores como o payroll pode aumentar a aversão ao risco, limitando a queda do dólar, mesmo com a expectativa de cortes de juros nos EUA.
Mercado de ações
O Ibovespa registrou leves quedas após um bom desempenho em setembro. Apesar de oscilações ao longo do dia, o índice fechou em queda de 0,49% aos 145.517 pontos, com destaque para ações que refletem a cautela global, como Petrobras, que caiu levemente.
Vale obteve alta de 1,27% mesmo com os mercados chineses fechados. Entre os bancos, as ações sofreram perdas, com destaques negativos para Bradesco e Itaú.
As maiores quedas foram registradas pelas ações da Vamos, CVC e Ultrapar, enquanto Pão de Açúcar, Braskem e CSN apresentaram os maiores ganhos do dia.
Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, destacou a importância da divulgação dos dados do payroll, que foi adiada devido ao shutdown, aumentando a incerteza nos mercados, inclusive os emergentes.
As bolsas americanas fecharam em alta, apesar do cenário incerto.
A agência de estatísticas BEA informou que manterá as operações suspensas até o Congresso aprovar o orçamento, o que inclui a suspensão da divulgação de dados como PIB e consumo.
Rubens Cittadin, operador de renda variável, ressaltou que a paralisação nos EUA pesou no mercado brasileiro, levando investidores a buscarem proteção em empresas com receitas atreladas ao dólar.
Stephen Stanley, economista-chefe do Santander para os EUA, prevê impactos mínimos da paralisação para a maior economia do mundo, descartando uma paralisação longa, mas alerta para risco de demissões em massa.
Juros
Os juros futuros no Brasil tiveram alta moderada em meio a incertezas fiscais locais e alívio externo diante do cenário americano. Contratos de juros para períodos mais longos atingiram máximas intradiárias, enquanto os de curto prazo permaneceram estáveis.
O mercado de renda fixa brasileiro seguiu a cautela, mesmo com queda dos rendimentos dos títulos do governo americano.
As taxas para contratos futuros como Depósito Interfinanceiro (DI) mostraram pequenas elevações após o aumento das preocupações fiscais relacionadas à votação do projeto do Imposto de Renda.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, afirmou que o mercado teme que o legislativo não aprove medidas compensatórias para a ampliação da isenção do IR, o que poderia piorar as contas públicas.
Ele também destacou que a aprovação do governo Lula subiu, o que pode preocupar investidores quanto à trajetória da dívida pública em caso de reeleição.
Em indicadores divulgados, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria caiu em setembro, sinalizando desaceleração da atividade, enquanto o Índice de Confiança Empresarial subiu levemente, mas não suficiente para neutralizar a tendência negativa recente.
Relatórios indicam que a inflação deve continuar desacelerando, e que a Selic pode ser reduzida para 11% até o final de 2026, porém os cortes começariam apenas no próximo ano.
Luciano Rostagno conclui que o Banco Central deve manter os juros altos por um período prolongado devido às preocupações fiscais.
Conteúdo preparado com informações confiáveis para melhor compreensão sobre o cenário econômico atual.