O dólar iniciou o dia com uma leve alta, enquanto os investidores analisam os desdobramentos das reuniões recentes entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Há expectativa para o encontro de Donald Trump com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que ocorrerá ainda hoje, além da aguardada reunião do Federal Reserve (Fed) em Jackson Hole durante esta semana.
No início da manhã, o dólar aumentou 0,18%, sendo negociado a R$ 5,4090. Na última sexta-feira, a moeda havia tido queda de 0,33%, com cotação de R$ 5,398, e a Bolsa brasileira terminou praticamente estável.
Dados econômicos divulgados na última sexta indicam que as tarifas impostas por Donald Trump estão começando a impactar a economia dos EUA. Os preços de bens importados subiram 0,4% em julho, contrastando com a queda de 0,1% em junho, contrariando a expectativa de estabilidade apontada por economistas.
Esse dado reforça a percepção de que as tarifas estão pressionando os preços nos Estados Unidos, o que pode em breve ser sentido pelos consumidores. Indicadores da inflação ao produtor também já haviam sinalizado esse caminho.
Além disso, as vendas no varejo dos EUA cresceram 0,5% em julho, impulsionadas principalmente por veículos e promoções em lojas, mostrando força no consumo.
Com essas informações, o mercado tem revisado suas previsões sobre a política monetária do Fed. Espera-se agora que na reunião de setembro haja um corte de juros de cerca de 0,25 ponto percentual, com menor probabilidade para cortes maiores.
A possibilidade de cortes nos juros norte-americanos influencia o valor do dólar no mercado internacional, já que menores taxas tornam menos atraentes os investimentos em renda fixa nos EUA, pressionando a desvalorização da moeda.
Analistas do banco Itaú destacam que, apesar da valorização recente, os fundamentos indicam que o dólar deve continuar enfraquecendo globalmente, devido a uma política econômica menos estável nos EUA e uma atividade econômica mais forte em outras partes do mundo.
O índice DXY, que mede o dólar frente a seis moedas fortes, caiu 0,39%, atingindo 97,84 pontos.
Enquanto isso, a expectativa de cortes nos juros americanos tem fortalecido o real, já que o diferencial das taxas de juros entre Brasil e EUA continua favorecendo o Brasil, especialmente em um cenário de manutenção da taxa Selic em patamares elevados.
No entanto, tensões comerciais entre EUA e Brasil ainda geram cautela no mercado. Donald Trump fez críticas duras ao Brasil, chamando o país de “um dos piores do planeta” e “um péssimo parceiro comercial”, além de mencionar questões políticas internas do país.
Essas declarações aumentam as tensões entre as duas nações, dificultando as negociações comerciais. O governo brasileiro tenta diálogo com Washington, mas enfrenta obstáculos.
Uma reunião prevista entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi cancelada sem nova data definida.
O governo brasileiro lançou um programa chamado “Brasil Soberano”, que oferece apoio financeiro a empresas afetadas pela tarifa de 50% aplicada a produtos brasileiros pelos EUA. O programa inclui crédito de R$ 30 bilhões, adiamento de impostos federais, aumento do ressarcimento de créditos tributários e mudanças nas garantias para facilitar a exportação.
Apesar do apoio ao setor produtivo, agentes financeiros expressam preocupações sobre possíveis impactos fiscais negativos e o risco de que o governo abandone compromissos com metas fiscais.