O dólar iniciou esta sexta-feira com uma pequena alta, enquanto investidores aguardam a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos para entender as possíveis decisões do Federal Reserve (Fed) sobre as taxas de juros.
Às 9h05, a moeda americana aumentava 0,26%, sendo negociada a R$ 5,4201. Na quinta-feira, o dólar tinha caído 0,18%, com valor de R$ 5,406, acompanhando o cenário mundial.
O índice Ibovespa, por sua vez, fechou em alta expressiva de 1,32%, alcançando 141.049 pontos. Esta valorização foi impulsionada pela recuperação das ações dos bancos brasileiros, pela alta nos papéis das distribuidoras de combustível devido à operação da Polícia Federal contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) e pelo ambiente político em vista das eleições de 2026.
A Bolsa esteve próxima de quebrar seu recorde histórico, que é de 141.263 pontos, tendo superado os 142 mil pontos pela primeira vez durante o pregão.
O dólar refletiu os indicadores econômicos dos Estados Unidos, buscando sinais sobre os próximos passos do Fed. No cenário interno, uma pesquisa recente mostrou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um provável segundo turno para as eleições presidenciais de 2026.
O levantamento da Atlas/Intel revelou que Tarcísio possui 48,4% das intenções de voto contra 46,6% de Lula.
Além disso, a aprovação do presidente Lula caiu para 48% em agosto, uma redução de dois pontos percentuais em relação a julho, enquanto a desaprovação subiu para 51%.
Segundo Bruno Shahini, especialista da Nomad, o avanço no debate eleitoral tem impulsionado o mercado. Ele comentou que a consolidação do governador de São Paulo como o principal nome da oposição elevou o valor das ações que compõem o índice.
Tarcísio é considerado a principal alternativa da centro-direita para enfrentar o petista em 2026 e é reconhecido como candidato por banqueiros e empresários.
O mercado financeiro também monitora os impactos da operação realizada pela força-tarefa para cumprir mandados de busca e apreensão em empresas dos setores de combustíveis e financeiro, vinculadas ao PCC, nesta quinta-feira.
A operação atingiu mais de 350 alvos, incluindo pessoas físicas e jurídicas, que são usadas pelo grupo criminoso.
Os investigadores estimam que os negócios afetados movimentaram cerca de R$ 30 bilhões para o crime organizado, e estão bloqueando R$ 1,4 bilhão em ativos.
Em função disso, as ações das distribuidoras de combustíveis tiveram fortes altas ontem. As ações da Ultrapar, dona da rede Ipiranga, tiveram aumento de 8,07%, enquanto os papéis da Vibra Energia e da Raízen subiram 4,96% e 2,83%, respectivamente.
Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, destacou que a operação mira postos clandestinos que muitas vezes não seguem as regras, o que favorece as empresas legalizadas.
Entre os alvos estava a Reag Investimentos, que possui ações na Bolsa. Os papéis da empresa caíram até 22,87%, mas fecharam com queda menor, de 15,69%.
Na área internacional, dados econômicos dos EUA também estiveram em foco. O Departamento de Comércio americano informou que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 3,3% no segundo trimestre de 2025, leitura superior à estimativa anterior de 3%.
Apesar do crescimento, analistas continuam prevendo que o Fed possa realizar um corte nas taxas de juros em setembro. O presidente do banco central americano, Jerome Powell, indicou esta possibilidade em discurso recente.
O Fed mantém a taxa entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado.
Para os mercados de ações e câmbio, cortes nas taxas de juros são vistos como positivos, pois geralmente atraem investidores que migram da renda fixa americana para investimentos mais arriscados.
Os agentes também acompanham os desdobramentos da demissão da diretora do Fed, Lisa Cook. A tentativa de destituí-la por parte do ex-presidente Donald Trump gerou incertezas sobre a independência da autoridade monetária dos EUA.
Na quinta-feira, Lisa Cook entrou com ação judicial contra Trump, alegando que ele não tem o direito de removê-la do cargo.
No âmbito das negociações internacionais, as tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de rever a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros continuam no radar dos investidores, mesmo sem novas atualizações.
Os canais de diálogo permanecem fechados, e há receio de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, previsto para próxima semana, possa aumentar as tensões entre os países.
Autoridades do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF) consideram provável que Trump imponha novas sanções econômicas contra o Brasil e restrições a autoridades brasileiras relacionadas ao processo envolvendo Bolsonaro.
Aliados próximos a Bolsonaro afirmam que ele acredita ser inevitável uma condenação no âmbito da trama golpista de 2022 e esperam uma pena menor aplicada pela Primeira Turma do STF.