São Paulo, SP (Folhapress)
O dólar começou o dia com uma pequena alta nesta quinta-feira (4), enquanto investidores aguardam informações econômicas dos Estados Unidos que serão divulgadas ao longo do dia.
Por volta das 9h03, a moeda dos EUA estava cotada a R$ 5,4614, com uma leve valorização de 0,13%. Na quarta-feira (3), o dólar havia fechado em baixa de 0,39%, cotado a R$ 5,453, com o mercado atento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aos dados do emprego nos EUA.
O desempenho do dólar seguiu a tendência dos mercados internacionais, com o índice DXY, que avalia a força do dólar frente a outras moedas importantes, caindo 0,22% para 98,176 na quarta-feira.
A bolsa brasileira caiu 0,33%, encerrando o dia em 139.863 pontos, afetada pela queda de 1,06% das ações da Petrobras, após notícias de que a Opep considera aumentar a produção de petróleo.
Por outro lado, os papéis da Cosan e da Raízen tiveram valorização de até 8% no final do pregão, compensando parte da queda.
Durante a quarta-feira, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) continuou, com defesas apresentadas por vários ex-ministros e generais associados ao caso.
A defesa do ex-presidente contestou evidências de sua participação no episódio do dia 8 de janeiro, refutando acusações como delações e planos de violência.
Uma possível condenação pode aumentar as tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Quando o ex-presidente Donald Trump anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em julho, ele relacionou essa medida, entre outros motivos, a um suposto tratamento injusto ao ex-presidente brasileiro.
Ministros do STF esperam uma série de ataques do ex-presidente americano em retaliação ao julgamento, e vistos de alguns magistrados para os EUA já foram suspensos.
Bancos brasileiros receberam uma carta do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, questionando como a lei Magnitsky poderia afetar o ministro Alexandre de Moraes. As instituições notificadas foram Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual.
João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos, aponta que há receio de novas retaliações por parte de Trump contra o Brasil, incluindo possíveis sanções e restrições comerciais, além da tarifa já existente.
A nível internacional, os investidores analisaram dados do mercado de trabalho dos EUA referentes a julho. As vagas em aberto caíram mais do que o esperado, de 7,4 milhões para 7,2 milhões, enquanto o número de contratações se manteve em 5,3 milhões.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, avalia que esses dados fortalecem a expectativa de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) em breve.
Porém, o mercado segue atento às próximas divulgações econômicas nos EUA, como o payroll de agosto, relatório crucial para as decisões do Fed, que será divulgado na sexta-feira (5).
Na última reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou possibilidade de redução da taxa de juros, embora ressaltando cautela devido à inflação e riscos no mercado de trabalho.
Além disso, as inciativas do ex-presidente Donald Trump para pressionar o Fed continuam, incluindo a recente demissão da diretora do Fed, Lisa Cook, que respondeu com ação judicial, apoiada por cerca de 600 economistas respeitados.
Um tribunal americano decidiu recentemente que as tarifas aplicadas por Trump são ilegais, mas essas permanecerão vigentes até outubro, enquanto aguardam análise pela Suprema Corte. Trump avisou que pedirá uma decisão rápida sobre o caso.
O atual cenário reflete uma fase de tensão e incertezas tanto na política americana quanto na econômica, que impactam diretamente o câmbio e os mercados globais.