O dólar começou o dia com uma leve alta nesta terça-feira (16), conforme os investidores analisam a ata da última reunião do Copom, onde o Banco Central reafirmou seu compromisso com a meta de inflação. No cenário internacional, a moeda americana sofreu queda frente a várias moedas locais.
Às 9h09, o dólar estava cotado a R$ 5,4363, uma alta de 0,27%. Na segunda-feira (15), a moeda subiu 0,14%, fechando a R$ 5,419, enquanto a bolsa brasileira teve um aumento significativo de 1,06%, atingindo 162.480 pontos.
Esse movimento foi influenciado por dados sobre a atividade econômica brasileira. O IBC-Br, indicador que serve como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou que a economia brasileira começou o quarto trimestre com uma queda de 0,2% em outubro, indicando um desaquecimento da atividade econômica devido aos juros elevados.
Esse resultado contrariou as expectativas dos economistas que previam uma alta de 0,1%, marcando também o segundo mês consecutivo de queda, após recuar 0,19% em setembro.
O IBC-Br é apenas um dos sinais que indicam uma desaceleração na economia. O PIB do terceiro trimestre registrou crescimento de 0,1%, o resultado trimestral mais fraco desde a retração de 0,1% registrada no último trimestre de 2024.
Segundo André Valério, economista sênior do Inter, essa desaceleração não é forte o bastante para indicar uma recessão. A expectativa é que essa tendência continue no quarto trimestre, com o PIB fechando o ano com alta de 2,2%.
Em relação à política de juros, os dados sugerem que a queda na taxa Selic pode começar já no primeiro trimestre do próximo ano. Valério acredita que o primeiro corte acontecerá na reunião de janeiro, devido à recente desaceleração da inflação medida pelo IPCA.
Juros mais baixos tendem a beneficiar ações de empresas ligadas ao mercado interno, como varejistas. Por outro lado, a redução da Selic pode diminuir o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, um dos fatores que influenciaram a valorização do real no último ano no mercado cambial.
Na semana passada, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível em quase 20 anos. O comunicado que acompanhou a decisão não indicou a direção das próximas reuniões, o que fez com que as atenções se voltassem para a ata divulgada hoje.
Além disso, o Relatório de Política Monetária será divulgado nesta quinta-feira. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deve conceder entrevista logo após, e o mercado estará atento às suas declarações em busca de pistas sobre os próximos passos do comitê.
No calendário internacional, dados dos Estados Unidos serão importantes para definir a trajetória da taxa de juros do Fed (Federal Reserve). O relatório de empregos payroll será divulgado nesta terça-feira, e os números oficiais da inflação estão previstos para quinta.
Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que a taxa de juros está bem posicionada para responder às condições econômicas, e as decisões serão tomadas reunião a reunião, conforme os dados forem apresentados.
Ele destacou que a redução da taxa em 0,75 ponto percentual desde setembro e 1,75 ponto desde o ano passado já colocou a taxa básica em uma faixa neutra, aguardando a evolução da economia.
Essa postura foi recebida de forma positiva pelo mercado, que agora aguarda dados e declarações de autoridades para entender os próximos passos do Fed.
Dirigentes mencionaram que poderiam ter aguardado mais dados antes de reduzir a taxa, enquanto o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, opinou que esperar até o início do próximo ano teria sido melhor para coletar mais informações, com baixo risco para o mercado de trabalho que mostra sinais de arrefecimento moderado.
O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, defende que a política de juros deve continuar restritiva para controlar a inflação.
Essas declarações indicam que os próximos dados econômicos serão cruciais para as decisões de curto prazo sobre juros. Por enquanto, o mercado atribui 22% de chance a um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de janeiro, segundo a ferramenta FedWatch.
