SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar iniciou o dia com uma pequena alta nesta terça-feira (17), enquanto os investidores se preparam para as decisões sobre a taxa de juros que serão anunciadas pelo Banco Central do Brasil e pelo Federal Reserve dos EUA na quarta-feira (18). Além disso, o mercado permanece atento ao conflito entre Israel e Irã.
Às 9h03, a moeda americana estava cotada a R$ 5,4963, um aumento de 0,17%. Na segunda-feira, o dólar recuou 0,96%, fechando o dia em R$ 5,487, registrando a menor cotação para fechamento em 2025. Desde o começo do ano, a moeda acumula queda de 10,34%, e no mês o declínio é de 3,13%.
É a primeira vez desde 7 de outubro do ano passado que o dólar fecha abaixo de R$ 5,50, quando encerrou em R$ 5,485. Na mínima do dia, perto do encerramento da sessão às 16h58, a moeda chegou a cair 0,99%, cotada a R$ 5,485.
Essa desvalorização acompanha a fraqueza do dólar no exterior, impulsionada pelo maior apetite ao risco dos investidores, devido à redução das preocupações com o conflito entre Irã e Israel e à queda nos preços do petróleo, que também refletiu nos mercados acionários. Esta semana será marcada pelas decisões sobre as taxas de juros nos dois países.
A bolsa paulista fechou em alta de 1,48%, aos 139.255 pontos, com a maioria das ações em valorização, acompanhando o bom desempenho dos mercados americanos, europeus e asiáticos.
Segunda-feira marcou o quarto dia do confronto aéreo entre Israel e Irã. Até o domingo, o Irã contabilizava 224 mortos, país com população dez vezes maior que a de Israel, que registrava cerca de 22 óbitos.
Relatos indicam que o Irã busca negociações com os EUA para pressionar Israel a cessar os ataques, o que teve repercussão positiva, embora a situação continue tensa, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, proclamando que o país está no “caminho da vitória”.
Em momentos de tensão geopolítica, o dólar é geralmente considerado um ativo seguro, tendendo a ser favorecido em cenários de aversão ao risco nos mercados.
Hoje, mesmo com essa tensão, o dólar não sustentava ganhos, pois investidores mantêm cautela diante das incertezas relacionadas à política comercial do presidente Donald Trump, que geram preocupações sobre a desaceleração econômica global.
João Duarte, sócio da One Investimentos, comenta que o câmbio reflete um equilíbrio entre apetite por risco, estabilidade relativa nas contas externas e a percepção do Brasil como um destino seguro para investimentos, com retorno elevado e risco político relativamente controlado.
Os preços do petróleo caíram na segunda-feira, após dispararem na semana anterior, pois os conflitos entre Israel e Irã não afetaram as instalações de produção e exportação. Isso criou a percepção de que o problema está contido até o momento.
O barril Brent e o WTI recuaram 1,82% e 2,18%, respectivamente, revertendo os ganhos anteriores. As ações da Petrobras apresentaram sinais mistos, com as ordinárias (PETR3) subindo 0,40% e as preferenciais (PETR4) caindo 0,86%.
Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, destaca que o mundo vive uma certa calmaria e otimismo. O mercado foca em outros aspectos além das questões geopolíticas.
Os mercados asiáticos encerraram em alta, assim como o europeu, com o índice pan-europeu STOXX 600 subindo 0,36%, liderado pelo setor bancário, que avançou 1,9%. Nos EUA, o S&P 500, Nasdaq e Dow Jones também fecharam em alta.
Há pressão sobre os próximos acordos comerciais que o presidente Trump pretende fechar em três semanas, especialmente com parceiros como Japão e União Europeia. O temor de reajustes tarifários ofuscava momentaneamente as preocupações geradas pelo conflito no Oriente Médio.
Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank, observa que as tensões geopolíticas têm oferecido pouco impulso ao dólar, devido à desconfiança dos mercados sobre seu status de porto seguro. Os investidores permanecem cautelosos.
A atenção também está voltada para decisões monetárias globais nesta semana, incluindo o Fed e o Banco Central do Brasil. Espera-se que o Fed mantenha a taxa de juros inalterada, avaliando os impactos das políticas governamentais americanas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro se reúne para decidir a taxa básica de juros (Selic) entre terça e quarta-feira. O mercado está dividido entre a manutenção da taxa em 14,75% ao ano e um aumento de 0,25 ponto percentual, segundo dados da LSEG.
Diego Costa, diretor de câmbio da B&T XP para as regiões Norte e Nordeste, afirma que não há consenso sobre a Croppom manter ou ajustar a Selic, já que a inflação ainda pressiona e as incertezas fiscais voltaram ao debate.
Dados econômicos indicam que o Brasil começou o segundo trimestre com crescimento maior que o esperado em abril, segundo Índice de Atividade Econômica do BC, que subiu 0,2% frente à previsão de 0,1%.
O boletim Focus indicou redução nas projeções de inflação para 2025, de 5,44% para 5,25%, com estabilidade das metas para os anos seguintes. Esta é a maior diminuição registrada pelo Copom no ano e a terceira consecutiva.
Economistas prevêem aumento leve do PIB para 2,2% e previsão de fechamento do dólar para 2025 em R$ 5,77, uma redução de R$ 0,03 em relação à pesquisa anterior.
No âmbito político, investidores acompanham um projeto na Câmara dos Deputados que visa anular efeitos do decreto do governo sobre alíquotas do IOF, publicado recentemente. O presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou que o ambiente no Congresso não é favorável ao aumento de impostos com finalidade arrecadatória.