O dólar começou o dia com alta significativa nesta quarta-feira (17), refletindo o fortalecimento da moeda americana perante várias outras ao redor do mundo.
Os investidores estão aguardando a divulgação de novos dados econômicos dos Estados Unidos e a possível redução da taxa de juros no Reino Unido, prevista para quinta-feira (18).
Por volta das 9h15, o dólar subia 0,58%, cotado a R$ 5,4956. No dia anterior, a moeda já tinha fechado em alta de 0,82%, a R$ 5,463, impulsionada por um cenário de maior aversão ao risco. Enquanto isso, a Bolsa caiu fortemente, com recuo de 2,41%, chegando a 158.557 pontos.
Analistas reagiram à ata recente do Copom (Comitê de Política Monetária), em que o Banco Central confirmou seu compromisso com a meta de inflação e indicou que manterá a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano.
Os investidores também comentaram uma pesquisa da Genial/Quaest que indica Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança das intenções de voto para as eleições de 2026. A pesquisa mostra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atrás do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Em um eventual segundo turno contra Flávio Bolsonaro, Lula aparece com 46% das intenções de voto, contra 36% do senador. Em uma disputa com Tarcísio, o presidente marca 45%, contra 35% do governador paulista.
Quando os três concorrem para duas vagas no segundo turno, Lula lidera com 41%, seguido por Flávio Bolsonaro, com 23%. Tarcísio ficaria de fora, com 10% das intenções.
O governador de São Paulo é visto pelos investidores como um candidato mais alinhado com a agenda pró-mercado e mais competitivo do que Flávio Bolsonaro. O senador anunciou sua pré-candidatura com o apoio do pai recentemente, fato que fez o dólar subir para R$ 5,43 e a Bolsa cair 4%.
A pesquisa foi divulgada antes do previsto devido à circulação de números não oficiais que já influenciaram o mercado.
Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, comentou que a leitura do mercado é que o enfraquecimento de Tarcísio de Freitas e o ganho de espaço de Flávio Bolsonaro indicam preferência por Lula. “Quando a pesquisa mostra Lula forte, o receio de que não haja alternância política cresce, prejudicando o mercado”.
Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, afirma que a divisão na direita traz volatilidade ao mercado, que vê maior chance de reeleição do presidente Lula.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, afirma que o fortalecimento do dólar reflete a busca por proteção diante do aumento do risco político.
Além disso, a ata recente do Banco Central confirmou a manutenção da taxa de juros em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, com a intenção de assegurar a convergência da inflação à meta.
Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets, avalia que a Selic deve permanecer alta, o que pode impactar negativamente setores domésticos e a Bolsa, elevando o custo do capital.
Com a Selic elevada, investimentos em renda fixa pós-fixada se tornam mais atraentes, enquanto reduções de juros costumam beneficiar ativos de renda variável.
Também foram divulgados dados do mercado de trabalho dos EUA que influenciam o cenário da taxa de juros do Federal Reserve (Fed). Em novembro, a economia americana criou 64 mil empregos, acima da expectativa de 50 mil.
A taxa de desemprego subiu para 4,6%, refletindo enfraquecimento do mercado diante da incerteza econômica.
Em outubro, a economia perdeu 105 mil empregos, em parte devido a programas de demissão voluntária no governo.
Leonel Mattos, analista da StoneX, aponta que os dados sugerem menor probabilidade de cortes de juros no início do próximo ano, favorecendo o dólar e os títulos do Tesouro americano.
O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que as decisões sobre juros serão tomadas conforme os dados econômicos futuros, mantendo a flexibilidade.

