Em São Paulo, no dia 17, o dólar à vista apresentou grande variação nas últimas horas após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, e a entrevista do seu presidente Jerome Powell.
O dólar teve máxima de R$ 5,3132 e mínima de R$ 5,2762, finalizando o dia em R$ 5,3012, um aumento de 0,06%. Isso interrompeu uma sequência de cinco dias consecutivos de queda, durante os quais a moeda caiu 2,54%. Em setembro, o dólar acumula perda de 2,23% e de 14,22% no ano.
O Fed reduziu a taxa básica em 0,25 ponto percentual, motivado pela situação do mercado de trabalho. As projeções indicam uma expectativa de redução total de 0,75 ponto percentual em 2024. A decisão não foi unânime: o novo diretor do Fed, Stephen Miran, indicado pelo presidente Donald Trump, votou por um corte maior, de 0,50 ponto percentual.
Após o anúncio, o dólar perdeu força frente a outras moedas, caindo até R$ 5,27. O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, destacou a importância do voto dissidente e a preocupação sobre a influência política na política monetária.
Logo após, com as declarações de Powell, o dólar voltou a subir um pouco, chegando próximo a R$ 5,30. Ele reforçou que as decisões futuras sobre juros dependem dos dados econômicos e que a inflação gerada por tarifas é temporária, mas o Fed deverá evitar que ela se torne persistente.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o corte de juros foi mais cauteloso do que esperado e o Fed quer que a política monetária atinja um nível neutro, não estimulativo.
Mercado de ações
O Ibovespa renovou máximas históricas durante o dia, chegando a 146 mil pontos, impulsionado pelo anúncio do Fed. Apesar da volatilidade durante a tarde, o índice fechou em alta, registrando 145.593,63 pontos, com valorização de 1,06%.
Grandes ações como RD Saúde, Magazine Luiza e Assaí tiveram ganhos destacados, enquanto outras, como C&A e Marfrig, apresentaram perdas. O setor financeiro também teve desempenho positivo.
Especialistas indicam que a perspectiva de cortes de juros nos EUA e a melhora nos dados econômicos do Brasil têm favorecido os mercados locais, fortalecendo o real e atraindo investimentos para a Bolsa.
Taxas de juros
As taxas futuras no mercado brasileiro mostraram volatilidade, reagindo inicialmente bem ao corte do Fed, que aumentou o diferencial de juros em relação ao Brasil e aliviou o câmbio, ajudando a controlar a inflação.
Além disso, fatores políticos internos, como a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro e a possível candidatura do governador Tarcísio de Freitas, influenciaram o mercado.
O mercado avalia que o Fed entregou um corte, mas mantém um cenário desafiador frente às projeções econômicas. A expectativa é de cortes graduais na taxa Selic no Brasil em 2025, porém com cautela no ritmo.
(Fontes: Estadão Conteúdo)