O dólar apresentou alta nesta quinta-feira (27), enquanto investidores aguardam os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do mês de outubro e acompanham a agenda do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no período da tarde. Durante o feriado de Ação de Graças, o mercado americano permaneceu fechado.
Por volta das 10h34, o dólar estava subindo 0,30%, sendo cotado a R$ 5,348, mostrando recuperação. No mesmo horário, o índice Ibovespa, principal referência da bolsa brasileira, registrava estabilidade, com leve alta de 0,05%, alcançando 158.635 pontos.
No dia anterior, o dólar havia fechado em queda expressiva de 0,79%, cotado a R$ 5,333, enquanto a Bolsa de Valores subiu 1,69%, atingindo 158.554 pontos, ultrapassando pela primeira vez a marca dos 158 mil pontos, estabelecendo um novo recorde de fechamento.
O desempenho deste pregão deve ser influenciado pelos números do mercado de trabalho brasileiro, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego às 14h30. Além disso, Galípolo participará de evento promovido pelo Itaú Asset Management às 15h, onde analistas estarão atentos a possíveis indicações sobre a futura política da taxa Selic.
Na quarta-feira (26), a expectativa de cortes nas taxas de juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos aumentou o interesse por ativos de risco. O mercado financeiro brasileiro voltou a níveis observados no início de novembro, com a Bolsa mantendo recordes históricos de fechamento por doze dias seguidos.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, espera-se um ciclo de redução da taxa básica Selic em 2026, mas há debates sobre a velocidade dessas reduções. “A questão é se o Banco Central vai agir de forma mais rápida ou mais lenta”, afirma.
Os dados do IPCA-15 divulgados na quarta reforçaram a previsão de início do corte de juros no primeiro trimestre de 2026. Apesar da alta de 0,20% em novembro, acima do esperado, a inflação acumulada em 12 meses até novembro foi de 4,5%, justamente no limite máximo da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% com uma margem de tolerância de até 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
Gabriel Galípolo ressaltou em audiência no Senado que o Banco Central deve mirar na meta de inflação de 3%, e não no teto de 4,5%. Ele também lamentou que, conforme previsões do boletim Focus, a meta de 3% não será atingida durante todo seu mandato, com a inflação projetada para chegar a 3,5% em 2028.
Na última terça-feira (25), Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, indicou que o órgão planeja cortes na taxa Selic, sem especificar o momento exato dessas reduções.
Em cenários internacionais, o volume de negociações segue baixo devido ao feriado nos Estados Unidos. Recentemente, o desempenho do dólar tem sido influenciado pelas expectativas de redução das taxas de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e por dados econômicos que ficaram abaixo ou em linha com as projeções.
Segundo Leonel Mattos, a economia americana apresenta sinais de desaceleração. “Há uma expectativa predominante para cortes na taxa de juros na próxima decisão do Fed em dezembro”.
A ferramenta FedWatch, da CME Group, mostra 84,9% de probabilidade de uma redução da taxa de juros americana para a faixa entre 3,50% e 3,75%, contra a atual entre 3,75% e 4,00%.
Os analistas, contudo, acreditam que os diretores do Fed terão dificuldades para tomar uma decisão na reunião dos dias 9 e 10 de dezembro, já que alguns indicadores importantes ainda não foram atualizados. O relatório payroll, que mede o emprego nos EUA, será divulgado somente em 16 de dezembro, depois da reunião.
Esse índice é um dos principais referência do Fed para definir sua política monetária.
Normalmente, cortes nos juros americanos são vistos de forma positiva pelos mercados globais, enquanto aumentos podem afetar negativamente. Como a economia dos EUA é considerada a mais robusta mundialmente, os títulos do Tesouro, conhecidos como treasuries, são investimentos considerados de baixo risco.
Quando as taxas de juros sobem, os rendimentos atrativos desses títulos levam investidores a retirar recursos de outros mercados. Com a queda das taxas, estratégias diversificadas ganham força, favorecendo outros tipos de investimentos.
