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quarta-feira, 24/09/2025

Dólar sobe e Bolsa oscila com tom cauteloso de Powell sobre novos cortes de juros nos EUA

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O dólar avançou nesta quarta-feira (24) enquanto o mercado acompanha os sinais dos juros nos Estados Unidos.

Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve), fez comentários cuidadosos no dia anterior, indicando que novos cortes nas taxas de juros não são certos.

Essa mudança nas expectativas elevou o valor do dólar globalmente, e o Brasil acompanhou essa tendência. Às 11h22, o dólar subiu 0,72%, chegando a R$ 5,315, depois de ter recuado mais de 1% na terça-feira, atingindo R$ 5,277 – a menor cotação desde junho de 2024.

A Bolsa brasileira oscilava, com queda de 0,05%, marcando 146.343 pontos, após ter atingido recorde histórico pela sétima vez no mês anteriormente.

Contrariando as previsões do mercado, Jerome Powell usou seu discurso na terça-feira para alertar os investidores. Ele afirmou que novos cortes nas taxas de juros não estão garantidos.

Os membros do Fed enfrentam uma difícil decisão entre controlar a inflação ou proteger os empregos.

“Se a taxa de juros for reduzida muito rápido, há o risco de não terminar o controle da inflação e precisar aumentar as taxas novamente para atingir a meta de 2%. Contudo, manter as taxas altas por muito tempo poderia enfraquecer o mercado de trabalho sem necessidade”, explicou Powell.

“Os riscos para a inflação estão aumentando a curto prazo, enquanto os riscos para o emprego diminuem – é uma situação difícil”, disse ele em Rhode Island. “Temos que equilibrar esses objetivos duplos.”

Na quarta-feira passada (17), o Fed reduziu as taxas em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 4% e 4,25%, em meio a sinais de fraqueza no mercado de trabalho, inflação persistente e dados modestos sobre o impacto das tarifas. Esse foi o primeiro corte do ano, em um contexto de pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por uma política monetária menos rigorosa.

Esse alerta de cautela está levando o mercado a ajustar suas previsões. Leonel Mattos, analista da StoneX, comenta que isso tem aumentado levemente os títulos do Tesouro americano e favorecido a valorização do dólar globalmente.

O rendimento do título americano de 10 anos subia 0,1 ponto percentual, para 4,129%. O índice DXY, que compara o dólar com outras moedas fortes, crescia 0,66%, atingindo 97,86 pontos.

Apesar do discurso de Powell ser de ontem, ele ainda influencia os mercados globais devido à falta de novos dados que orientem as negociações, explica Mattos. Isso faz com que os movimentos financeiros continuem conforme o dia anterior.

No Brasil, a política monetária dos EUA foi um tema secundário na terça-feira. A atenção estava nos discursos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na Assembleia Geral da ONU, especialmente no sinal de diálogo do republicano ao brasileiro.

Foi a primeira vez que ambos estiveram juntos desde que Trump impôs sanções ao Brasil em maio. Antes de sair do evento, ele anunciou que irá se reunir com Lula na próxima semana.

Trump disse que sentiu uma “excelente química” com Lula durante o breve encontro na ONU. “Eu só negocio com quem eu gosto. E gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos tivemos boa sintonia, isso é um bom sinal”, afirmou após o discurso de Lula.

A possibilidade desse encontro e de redução das tensões comerciais, políticas e diplomáticas trouxe alívio ao mercado, fazendo o dólar cair para sua mínima em mais de um ano e a Bolsa alcançar novo recorde de fechamento, com até 147.178 pontos durante o pregão.

Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, destaca que “finalmente Trump está aberto a conversar com o Brasil, podendo haver flexibilidade nas tarifas e aumento da lista de isenções”. Ele ressalta que, apesar do discurso breve, a sinalização é muito positiva.

O encontro ocorreu um dia depois das novas sanções do governo americano a autoridades brasileiras e ao entorno do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relacionadas à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão.

No discurso, Lula afirmou que o processo foi legítimo: “Bolsonaro teve amplo direito de defesa. Diante do mundo, o Brasil mostrou a seriedade do processo para candidatos autocratas e seus apoiadores“. Ele reafirmou que “nossa democracia e soberania são inegociáveis”.

José Áureo Viana, da Blue3 Investimentos, relata que o discurso de Lula, enfatizando a defesa da democracia e criticando sanções unilaterais, foi esperado.

Na prática, a combinação das falas de ambos criou um ambiente de alívio, reforçando a visão de estabilidade institucional no curto prazo.

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